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OBSERVATÓRIO

Análise 03/11 - Primeira sessão ONUM

Atualizado: 3 de nov. de 2022

Por: Katharina Brito e Júlia Moura, analistas internacionais

O primeiro dia de negociações da ONU Mulheres iniciou com a apresentação dos posicionamentos centrais dos Estados perante o tema “Mulheres em zonas de conflito: violência de gênero como arma de guerra”, através dos seus discursos iniciais. Neste primeiro momento, todas as delegações presentes se mostraram contra a violência de gênero como arma de guerra e a favor da garantia dos direitos das mulheres, mesmo com o fato de tal defesa não se concretizar na realidade de muitos dos países representados. Neste contexto, a delegação da federação Russa destacou a proteção aos seus cidadãos e logo se pronunciou, em tom de defesa, sobre o que afirmou serem “falsas acusações sobre violência de guerra” praticada pela sua nação.

Ainda nos discursos iniciais, a delegação dos Estados Unidos da América repudiou os atos de violência contra as mulheres em zonas de conflito e evidenciou o que afirmou ser a presença do seu Estado no combate à tais praticas. Essa delegação ainda pontuou que os direitos das mulheres são garantidos no seu país, demonstrando entender que cumpre o seu papel no cenário internacional, apesar do mesmo deste país apoiar e provocar diversos conflitos em várias regiões do mundo.

A delegação da Indonésia também alegou estar avançando em políticas acerca da temática abordada, mas não expressou nenhuma proposta que já tenha realizado ou que pretenda realizar para promover uma ação efetiva contra a violência de gênero em zonas de conflitos.


Durante as discussões a delegação do Japão afirmou já fornecer ajuda à sua região, no que tange a proteção das mulheres em zona de conflitos, e demonstrou que o seu Estado está disposto a ajudar nessa questão. A delegação japonesa ainda dialogou, por diversas vezes, acerca da China, e das suas questões internas, e acerca da Rússia, principalmente no que diz respeito à guerra que ocorre atualmente entre Rússia e Ucrânia. A Rússia contrapôs o argumento japonês afirmando não cometer nenhum crime de guerra contra as mulheres ucranianas. Entretanto, a representante especial da ONU sobre violência sexual em conflitos, Pramila Patten, afirmou existirem mais de 100 casos de estupro ou agressão sexual no guerra na Ucrânia, em que mulheres testemunham sobre soldados russos, o que evidência o uso de estupro como estratégia militar pela Rússia (CNN Brasil, 2022).


A representante da Rússia ainda relembrou o histórico de violência do Japão contra a Coreia, e cobra pelo não esquecimento desses fatos. A delegação japonesa, por sua vez, rebateu comunicando que prefere dialogar sobre situações atuais, e durante a entrevista realizada com a conferência de imprensa, em que o tópico foi abordado, dialogou sobre não ser um bom caminho se prender ao passado.


Durante as sessões do primeiro dia, os delegados não conseguiram, ou até não se mostraram preocupados em focar nas discussões sobre o tema, e debater propostas que levem a uma resolução final. Em diversos momentos a mesa precisou intervir para comunicar aos delegados o objetivo da discussão proposta pela ONU Mulheres e alertar acerca da necessidade do cumprimento da agenda. O intuito era fazer com que as delegações parassem de dialogar sobre tópicos rasos e realmente se posicionarem.


Neste contexto, a delegação da República da Arménia representou um papel de destaque, principalmente no que diz respeito ao encaminhamento do Documento de Trabalho, por diversas vezes relembrar a importância dos delegados direcionarem os rumos das discussões para os temas da agenda. A delegada da Arménia ainda aproveitou o momento da sua fala para pedir ajuda dos outros países no que tange ao conflito de Nagorno-Karabakh, entre Arménia e Azerbaijão, clamando por investimento no seu plano nacional.


Também foi visto, durante os momentos de formulação do Documento de Trabalho e até durante as discussões, improváveis alianças se formando. Destaca-se a aliança entre as delegadas da República Federativa do Brasil, República de Cuba e Estados Unidos, que estavam orientando as suas falas para o encaminhamento de um acordo.

Ainda sobre os Estados Unidos, a posição multilateral adotada durante as sessões foi vista com surpresa, visto que, normalmente o foco deste país, até mesmo em conferências, é somente nos seus próprios interesses.

Dentre as demais delegações, poucos temas relevantes foram levantados, e faltaram posicionamentos que pudessem motivar as discussões.



Para ficar na memória:


  1. Os Estados Unidos como sempre a mesma, se vangloria por não ter violência de gênero no seu território, enquanto por baixo dos panos (as vezes nem tão por baixo assim) financia e teve influência em grande parte das guerras mundo afora. Ou vocês acham que não tem dedo da “grande América” na guerra da Ucrânia?

  2. O grupo hoje aparentemente resolveu jogar a agenda no lixo. Pra que falar dos tópicos obrigatórios quando a gente pode atacar a Rússia?

  3. Japão falou horrores sobre pensar no presente porque lhe convém bastante pagar uns dólares à Coreia do Sul e dizer “tá pago” pela ocupação sanguinária de mais de 30 anos



 

Referência da notícia sobre a Rússia:


Rússia usa estupro como “estratégia militar” na Ucrânia, diz enviado da ONU. CNN Brasil, 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/russia-usa-estupro-como-estrategia-militar-na-ucrania-diz-enviado-da-onu/.

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