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Falklands x Malvinas



A impressão de quem chega nas ilhas Malvinas/Falklands[1]pela primeira vez, é de que é uma ilha europeia, mais especificamente inglesa, com suas casinhas de arquitetura interiorana e com ar modesto e calmo. Entretanto, apresenta um histórico de guerra e rivalidade entre seus antigos requerentes até os dias de hoje: em 1982, o Reino Unido e a Argentina entraram em guerra – mesmo que não oficialmente declarada.

Foram muitos os fatores que comandaram a guerra entre as duas nações. Dentre eles, pode-se citar o momento de crises no campo econômico, social e político que a Argentina estava passando, e a recuperação do território seria um modo de reaver o apoio e espírito nacional.

Motivados por uma série de vantagens teóricas os Argentinos calcularam que obteriam vitória devido à redução da guarda nas ilhas, a distância das armas de força bélica inglesas e ainda, não acreditavam no poder de resposta britânico, no momento exercido por uma mulher, Margareth Thatcher.

Entretanto, a resposta da primeira-ministra britânica foi rápida, decisiva e firme: Margareth Thatcher ordenou que o navio Belgrano fosse afundado e os argentinos revidaram, mais tarde, afundando o navio britânico e matando vários soldados. A soberania do Reino Unido sobre as Falklands tinha que ser reconquistada. Essa resposta rápida pode ter tido tal impulso pela má situação de popularidade da primeira-ministra junto ao povo e ao relativo esquecimento patriota em seu país. Porém, sua decisão, pulso firme e posicionamento, garantiram a devolução de soberania britânica sobre as Falklands além de reconquistar seu povo, reelegendo-a em seguida.

O presidente dos EUA, Ronald Reagan, após muitas tentativas de neutralidade, acabou por apoiar os britânicos, quebrando o TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) e favorecendo o Reino Unido, membro importante da OTAN.

A Junta de Governo ainda subestimou o poder bélico e militar do Reino Unido, este que foi o mais poderoso e temido do mundo, pela sofisticação, tecnologia e vitórias em diversas guerras e conflitos através deles.

Se a Argentina tivesse calculado mais suas ações, tivesse tido um pouco mais de paciência, hoje a história poderia ter sido completamente diferente.

Para além dos interesses

O quadro geral de motivos é que os dois países estavam tentando demonstrar a seu povo seu poder, reaver a confiança nacional e internacional e fazer com que o patriotismo fosse restaurado. Entretanto, outros motivos podem ter fomentado o ataque de um lado e o contra-ataque do outro.

No que importa a economia, é muito importante citar a planície submarina de Burdwood, ao sul das Ilhas Malvinas – onde se concluiu ser um local rico de minérios e petróleo. Prova de sua importância é que, recentemente, os ingleses começaram a explorar petróleo na região e os argentinos afirmam que esses teriam conhecimento desse recurso natural muito antes deles e esse seria o motivo para não desistir das terras.

As ilhas Malvinas estão próximas, também, da Antártica e tal proximidade pode outorgar os direitos sobre esse continente em futuras negociações relacionadas com a mesma. O controle do arquipélago encerra uma posição estratégica ao seu ocupante sobre o cruzamento austral e o seu trafego marítimo. ²

O fato é que, trinta anos após o conflito, ainda existe grande hostilidade sobre as ilhas. O governo argentino insiste que as ilhas são parte de seu território e se mostra cada vez mais inflexível com o assunto, chegando ao ponto de o presidente Néstor Kirchner levar o assunto ao comitê das Nações Unidas em 2003. Atualmente, sua sucessora e viúva, Cristina Kirchner continua engajada com a causa.

A Argentina, atualmente, coloca as ilhas nos mapas como sendo próprias e contabiliza como argentinos seus 7,7 mil quilômetros quadrados, mas as companhias telefônicas da Argentina e os correios, cobram seus serviços nos valores de um serviço internacional.¹


O príncipe William visitou as ilhas, durante o ano de 2012. Na argentina houve diversas manifestações contra a presença do príncipe e a presidente o acusou de militarizar as ilhas. O governo britânico assegurou que a presença de William era apenas de se familiarizar com as rotinas governamentais e militares da ilha.

Cristina Kirchner também pediu ajuda a outros países, inclusive o Brasil que, na administração do presidente Luis Inácio Lula da Silva, a apoiou. Países que apoiavam a Argentina proibiram seus navios, momentaneamente, de atracarem nas Falklands, causando falta de suplementos e alimentos na Ilha.

A resposta dos britânicos é incisiva e ainda assim, sutil. O Reino Unido afirma que as Malvinas não dão lucro ao mesmo, muito pelo contrário, já que existe diversos gastos militares na região, para proteger os moradores, os kelpers, do ataque argentino. Afirmam, ainda, que tudo que é produzido nas Ilhas Malvinas, e seu lucro, permanecem na ilha.

Para os britânicos, os kelpers e para grande parte do mundo, o arquipélago é britânico e sua soberania não é questionável. A maioria dos habitantes da ilha é de origem escocesa, descontando alguns imigrantes e poucos latinos.

Recentemente, surgiu dúvida se viria existir um novo conflito armado. De todos os lados, isso se mostra inviável. E isso pode ser contestado por uma simples reflexão.

Em 1982, 81% do PIB da Argentina eram revertidos para o país, hoje a realidade é de menos de 1%. Sendo assim, as armas e ferramentas militares não foram renovadas e se encontram em estado de sucata. O pouco que se recebe, é para pagar – malmente – os salários de seu exército. Se mesmo naquela época, com esse poder bélico e militar, a Argentina não venceu o Reino Unido, como agora, quando se tem apenas “sucatas”, número de homens limitados e mal pagos, pretende entrar em confronto armado?

O Reino Unido não demonstra nenhum interesse em conflito armado e os países que hoje apoiam a Argentina, provavelmente, mudariam sua opinião se virasse assunto de guerra.


O que se tem e o que, provavelmente continuará por algum tempo, é uma “guerra de boca”, com provocações exacerbadas, impulsivas e más avaliadas, de um lado e respostas frias e calculadas, de outro.

Os argentinos declaram soberania para si pela proximidade de suas terras e por terem ocupado e governado as terras por algum tempo, aproximadamente treze anos. A distância entre o arquipélago e a Argentina é de 640km, enquanto a distância da mesma com o Reino Unido é de aproximadamente 12.800 km.

A soberania que o Reino Unido declara é baseada na sua colonização, vitória na guerra e na sua autoridade aceita, respeitada e obedecida pela população kelper.

Conclusão

O aniversário de trinta anos do conflito é um dos motivos que fez com que essa questão fosse inclusa nas manchetes dos principais jornais internacionais, alguns estudiosos acreditam que o assunto continuará a ser falado e discutido por muito tempo, mas em menor escala, com menor intensidade.

A intenção deste artigo é o reconhecimento dos fatos e imposição de questionamento, para esse efeito é importante levantar uma questão imprescindível: como mudar a soberania de um território se sua própria população não deseja? Esse sentimento ideológico, de união, de origem é o que sustenta a duração e grandeza de qualquer Estado. Vale lembrar que, sem o apoio do povo não há soberania, pois não haverá autoridade (legitimidade) e, o poder, sem autoridade, se torna tirania.

 

Referências

¹ As Ilhas Malvinas. < http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilhas_Malvinas>. Acesso em 02 de abril de 2012

² A Guerra das Malvinas. . Acesso em 02 de abril de 2012

AZAMBUJA ,Darcy. Teoria Geral do Estado. Ed Globo, RJ. 1984

The Iron Lady. Direção: Phyllida Lloyd. [S.I.]: Paris Filmes, 2011.

[1] As Falklands Islands,como chamam os britânicos ou as Ilhas Malvinas, como preferem os argentinos, é um arquipélago formado por duas ilhas principais e mais 700 ilhas menores, situado no Atlântico Sul, resultando no total de 12 173 km². As duas ilhas principais são Soledad, a leste e Gran Malvina, a oeste, separadas pelo canal de San Carlos.

A moeda das Malvinas é a libra malvinense, que tem o mesmo valor da libra esterlina. A autoridade executiva vem da Rainha e é exercida pelo governador e um conselho de dez membros. A defesa é responsabilidade do Reino Unido e existe uma constituição que foi posta em prática em 1985¹.


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