top of page
Foto do escritorNURI

Hugo Chávez: herói ou bandido?


Hugo Chávez tornou-se uma figura bastante conhecida no cenário político por seu discurso contra o imperialismo norte americano e por sua popularidade dentro da Republica Bolivariana da Venezuela.

Com a sua morte, no dia 5 de março de 2013, iniciou-se um conflito de opiniões onde, de um lado, debate-se seu endeusamento e, de outro lado, tenta-se expô-lo como um tirano, um vilão. Mas afinal o que foi Chávez, um herói democrático do povo ou um ditador fundamentalista de esquerda?


Hugo Chávez tentou um golpe de Estado em 1992, fracassando e sendo preso, conseguindo, seis anos depois, se tornar presidente da Venezuela, em eleições abertas com 56% dos votos. Propôs mudanças na Constituição do seu país através de uma Assembleia Nacional Constituinte e de referendo popular. Conseguiu modificar parte da estrutura política ao longo de seus mandatos, bem como a mudança do destino do dinheiro advindo da produção de petróleo. Estatizou redes de televisão e por isso foi tachado de antidemocrático. Faz-se necessária, então, a análise dos resultados do governo Chávez durante seus mandatos.

A Venezuela, grande produtora do ouro preto, era um dos países mais desiguais e pobres da América do Sul. Segundo dados da ONU no relatório Habitat, que contém dados comparativos entre cidades da América Latina e Caribe, a Venezuela em 1999 tinha 49% de sua população urbana considerada pobre. Já em 2010, com 12 anos de chavismo, esse número foi reduzido para 28%. Ainda segundo o relatório, nas cidades da Venezuela, 80% das residências são ocupadas por seus proprietários, cerca de 95% da população tem acesso a saneamento básico e 90% recebem água encanada. É também o país com a melhor cobertura de coleta de lixo dentre 21 países analisados. Os dados podem ser encontrados no site da ONU Habitat.

Chávez conseguiu erradicar o analfabetismo e proporcionar à sua população acesso à saúde pública de qualidade. Conseguiu a partir da troca de petróleo, maior riqueza nacional, por médicos e professores de países como Cuba (que tem muito a agradecer a Chávez).

Todas suas eleições foram monitoradas pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e, em todas, obteve vitórias. Enquanto, a ofensiva da direita continuava colocando-o como ditador, até mesmo suas mudanças em relação à Constituição Federal, foram a referendo popular, demonstrando mais uma vez o caráter democrático de sua liderança.


Os ataques contra Chávez surgem, portanto, de outros fatores. Como todo líder socialista, ou de esquerda, é logo criada a imagem de ditador pela oposição. O fato de Chávez combater abertamente a política externa americana, defendendo interesses nacionais e continentais através dos princípios bolivarianos e marxistas, ofendeu as elites. Ofendeu por ter retirado das mãos de poucos a riqueza do petróleo e convertido isso em melhorias de vida para o seu povo (melhorias essas comprovadas em números).

A decisão de estatizar algumas redes de televisão levantou o questionamento sobre sua liderança democrática. Logicamente que transformar uma rede de TV em um meio de fazer propaganda política do governo e zombar da oposição se demonstra muito mais ditatorial e autoritária que democrática, porém, essa mesma rede de televisão funcionava em oposição ao chavismo, apoiando, até mesmo o golpe de Estado de 2002 contra Chávez. Mas mesmo após algumas estatizações, praticamente metade dos órgãos de comunicação da Venezuela são públicos, ao contrário do que é noticiado de forma enganosa pela mídia liberal, furiosa pelas perdas pós-Chávez.

Não seria correto intitular Chávez nem de bandido, nem de mocinho, já que, na verdade, ele foi ambos. Para a população carente, ele foi um herói por seus feitos, dedicação e carisma. Para a elite, era o vilão, causador da desconstrução da concentração de renda, fim dos privilégios aristocráticos e seus discursos honestos contra essa minoridade populacional.

Hugo Chávez construiu mais do que um governo, construiu uma nova Venezuela pautada em interesses nacionais, deixando de funcionar como quintal dos Estados Unidos.

A morte do líder deixa no ar o questionamento se esse seria realmente o fim do chavismo e o retorno a políticas neoliberais ou se seu legado permaneceria, com um governo nacionalista e popular.

“Se eu me calar, gritariam as pedras dos povos da América Latina que estão dispostos a ser livres de todo o colonialismo depois de 500 anos de colonização.” – Resposta de Hugo Chávez ao “Por que não se cala?” proferido pelo rei da Espanha, Juan Carlos.


78 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page