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Foto do escritorNURI

MBS e o caso Khashoggi



O caso Khashoggi foi um acontecimento que chocou o cenário internacional além de abalar o já controverso governo do príncipe e atual governante da Arábia Saudita Mohammad bin Salman bin Abdulaziz al-Saud. O príncipe era tido como a esperança para a região por trazer reformas econômicas e sociais que mudariam e trariam uma nova perspectiva ao seu país, no entanto, ao assumir foi possível constatar que tais propostas não funcionariam da maneira esperada. Foi no dia 2 de Outubro de 2018 que o jornalista crítico da Arábia Saudita, Jamal Khashoggi desapareceu após entrar no Consulado da Arábia Saudita em Istambul ás 13 horas, pouco tempo depois as desconfianças sobre o envolvimento de agentes sauditas no sumiço, e já constatada morte do jornalista, começaram a se intensificar. E essa é apenas uma de diversas polêmicas que se relaciona com o nome do príncipe herdeiro do trono da Arábia Saudita.

Para podermos aprofundar mais no caso da morte do jornalista Khashoggi, primeiramente temos que ver quem é o principal acusado de mandatário da sua morte, o sucessor do trono saudita Mohammad bin Salman, MBS como é conhecido no ocidente. MBS, neto do primeiro rei da Arábia Saudita Abdul Aziz al-Saud e filho do atual monarca saudita Salman al-Saud, tem apenas 33 anos e desde 2015 é o príncipe herdeiro do reino além de ser o governante de fato (O seu pai e atual rei sofre do mal de Alzheimer), sendo então o que toma as decisões “reformistas” as quais trouxeram os primeiros holofotes do mundo para o jovem Mohammad.

Desde a sua posse como príncipe herdeiro, MBS pretendeu voltar ainda mais os investimentos estrangeiros, em especial os ocidentais, para as terras de seu reino. Esta atitude se deve ao fato da Arábia Saudita ser um Estado rentista, ou seja, um Estado que tem toda a sua renda baseada na exportação do petróleo, sendo assim o MBS pretende diversificar mais a sua economia, e para tal, além de oferecer facilitações econômicas para aqueles que pensam em entrar no mercado saudita, reformas sociais também são incluídas, para atrair ainda mais empresas ocidentais.

Entre seus decretos reformadores e “liberais” como Rei de facto está a restrição dos poderes da polícia religiosa saudita, a legalização do entretenimento no país que pela primeira vez em 35 anos pôde ter a apresentação de filmes em cinemas, além de shows de comédia, eventos de luta e batalhas de “Monster Trucks”. Reformas nos direitos femininos também foram presentes, como a permissão para mulheres abrirem empresas sem a permissão de um homem, mulheres ganharam o direito à custodia dos filhos em casos de divórcio, permissão para mulheres entrarem em estádios esportivos, e pôr fim a permissão de mulheres de dirigirem. Por fim, MBS também já flertou com reformas no Hadith, que é um conjunto de ditos do profeta Maomé e que baseia as leis islâmicas e também os movimentos extremistas do Islã como os Wahabistas, uma ramificação do Islamismo Sunita, grupo religioso que controla e apoia a casa de Saud desde a sua ascensão como monarquia absolutista teocrática da Arábia Saudita.

Dentro das suas reformas econômicas estão listadas a partir do Saudi Vision 2030, que é um programa de desenvolvimento econômico saudita com a intenção de diversificar economicamente o país islâmico. Dentro dos principais projetos e inciativas é a venda de 5% da companhia estatal de petróleo Saudi Aramco na bolsa de valores. Outros projetos são: A construção de uma megacidade inteligente batizada de Neom, com intuito de atrair investimentos privados do setor de energias renováveis, biotecnologia, robótica e turismo de luxo. Recentemente em 2018 o príncipe Mohammad inaugurou uma linha de trem bala que ligara a cidade de Mecca à cidade de Medina, as duas cidades mais importantes para o islamismo e que recebe centenas de milhares de fiéis todos os anos.

Com todas essas reformas e propostas do príncipe MBS, é de se esperar que este seja de fato um governante vanguardista, liberal e humanista para a Arábia, porém muitas controvérsias em seu mandato já provaram que tais atitudes modernistas param por aí.

Em pouco mais de 3 anos de governança no país árabe, o MBS já passou por diversas polêmicas, como em 2017 onde prendeu mais de 200 pessoas entre ministros, ricos empresários e cerca de 40 príncipes sauditas por um esquema de corrupção. Das principais polêmicas do governo do MBS foi a guerra no Iêmen, que é acusada de ser repleta de crimes de guerra e de bombardeios à civis em regiões aglomeradas e recentemente até de atirar um míssil em um ônibus escolar iemenita, matando mais de 50 civis, entre dos quais 40 eram crianças de até 7 anos. E também, os números de prisões de ativistas pelos direitos humanos cresceram abruptamente nos últimos anos.

A última atitude extremista vinculada ao monarca saudita foi a mundialmente repercutida morte do jornalista Saudita-Americano Jamal Khashoggi. Ferrenho colunista opositor do MBS no jornal estadunidense Washington Post, é suposto que Jamal foi torturado, esquartejado vivo e as partes de seu corpo foram destruídas, e tudo com envolvimento do Cônsul-Geral da Arábia Saudita na Turquia e de seguranças particulares da realeza saudita.

Esse caso deixa ainda mais claro que o, até alguns anos atrás, príncipe jovem, reformista e modernista da Arábia Saudita, não quer deixar de lado a tradição do autoritarismo e da violência, sem escrúpulos em exerce-la contra os seus opositores e críticos, tanto dentro quanto fora do seu país. E o pior, essas ações desumanas são aliviadas por grandes potencias como Estados Unidos e França que são interessadas no petróleo e o nas grandes aquisições militares por parte da Arábia Saudita.


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