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A Ampla Dificuldade da Erradicação da Pobreza em Tempos de Covid-19.


Por: Karine Brito Rocha


De início, é necessário ressaltar que os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) são produto da conferência Rio+20 em 2015, organizados a partir de um plano de ação em que foram estabelecidas metas para serem efetivadas e comprimidas no combate à pobreza, alcance da paz e prosperidade. Dito isso, os Objetivos do Milênio foram substituídos pela Agenda 2030 com os ODS, os ODM tinham como seu princípio-base a erradicação da pobreza, obtendo - de fato - êxitos, mas objetivo agora é avançar no tema e erradicar de vez com a pobreza, já que esse é um dos maiores desafios globais atuais, e por isso é de suma importância livrar urgentemente a humanidade da pobreza - sobretudo nos países em desenvolvimento. E é justamente sobre isso que esse presente texto vai se pautar: no ODS 1 - erradicação da pobreza, objetivo que conta com 7 metas para acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares.


Segundo o Banco Mundial, o indicador para o indivíduo ser considerado na extrema pobreza é possuir menos de US$1,00 por dia (cerca de R$ 5,25), no entanto, dito isso, o advento da pandemia do Covid- 19 afetou muito a economia brasileira, o desemprego bateu recorde (SGS Sustentabilidade, 2017), aumentando a pobreza a níveis sem precedentes; em muitas cidades brasileiras explodiu o número de desabrigados, o que concomita em uma desigualdade social mais acentuada, alastrada e escancarada.


Devido às políticas públicas de bloqueio e desincentivo a aglomerações - aplicadas de maneira correta em alguns países. No governo Bolsonaro tem sido imposta de maneira incoerente e com muitas falhas, acabou de certo atingindo as camadas mais pobres das cidades sobretudo, por não possuírem subsídios suficientes para se manterem em casa por modo home office, e isso acabou levando à exposição à doença sobretudo nos coletivos e transporte público. Sem contar que é muito mais difícil seguir as recomendações da OMS quando não se tem acesso a serviços básicos como água e saneamento. Um dado muito relevante a ser apresentado nesse contexto é que, segundo Mônica Dias, do Observatório Social do Coronavírus, apesar de haver muitas pessoas infectadas nos bairros ricos, poucas morreram; as mortes foram mais numerosas em bairros populares, conjuntos habitacionais e favelas, enfim, no que chamamos de “periferias”. Nestes locais as condições habitacionais e a infraestrutura são precárias, faltam equipamentos urbanos e serviços básicos, deixando essas famílias e trabalhadores diariamente vulneráveis à Covid-19. O cenário que se tem é trágico, comandado pelo desemprego em alta, precariedade do trabalho, salário achatado, desindustrialização etc. (CLACSO, 2020)


De acordo com avaliação da Cepal:

‘’a pandemia evidenciou ainda mais a persistência da pobreza em determinados grupos populacionais, especialmente nas zonas rurais e indígenas e afrodescendentes, além da população com mais baixos níveis de educação. ’Em face disso, a pandemia, sem sombra de dúvidas aprofundou os problemas estruturais existentes não só no Brasil, mas na América Latina como um todo.’’ (Agência Brasil, 2021)

Houve diversos desafios pandêmicos enfrentados pela população brasileira desde o final de 2019 que acabou agravando o cenário de extrema pobreza extrema no país. Nesse sentido, o Governo Federal deixou a desejar e foi insuficiente profundamente em relação a variáveis esferas. A população brasileira recebeu amparo pela metade, o atraso sem justificativas das vacinas e descaso para cumprir medidas determinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), só difundiram os casos de pobreza no país, tendo em vista que é insustentável um comércio ‘’abrir e fechar’’ diversas vezes, as medidas de lockdown foram tardias e uma farsa, o presidente não facilitou essas medidas. Parafraseando Milton Santos, o processo pelo qual o desemprego é gerado e a remuneração do emprego se tornam cada vez pior, ao mesmo tempo em que o poder público se retira das tarefas de proteção social, e com isso estejam contribuindo para uma produção científica, globalizada e voluntária da pobreza. Alcançamos, assim, uma espécie de naturalização da pobreza, que seria politicamente produzida pelos atores globais com a colaboração consciente dos governos nacionais.

Portanto, é indubitável - analisando esses fatores expostos - os percalços e impasses que são enfrentados para o atingimento com êxito da ODS 1 sobretudo no contexto brasileiro, especialmente devido à pandemia de covid-19. Por isso, é urgente, além de cobrar aos órgãos públicos, urge, no entanto, fazermos nossa parte, atuando como voluntário e abraçando causas que estejam no nosso alcance para que possamos contribuir como sociedade civil sustentavelmente para o atingimento desse objetivo de desenvolvimento sustentável. E com isso, reitero ainda que jamais podemos naturalizar e ‘’romantizar’’ a pobreza, ela deve ser combatida para que uma sociedade mais justa e igualitária seja possível.


Referências:

[s.n.].Conheça as metas do 1º ODS: erradicação da pobreza. SGS Sustentabilidade, 2017.Disponível em:https://sgssustentabilidade.com.br/conheca-as-metas-do-1o-ods-erradicacao-da-pobreza/. Acesso em:15/09/2021


Dias,Mônica. A pandemia expõe de forma escancarada a desigualdade social.CLACSO, 2020. Disponível em:


Nascimento, Luciano. Pandemia de covid-19 eleva índices de pobreza na América Latina.AgenciaBrasil.2021. Disponível em:https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-03/pandemia-de-covid-19-eleva-indices-de-pobreza-na-america-latina. Acesso em: 14/09/2021


SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.


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1 commento


Coordri UJ
Coordri UJ
18 ott 2021

Reflexão fundamental! Nem tudo pode ser resolvido apenas no longo prazo. J. M. Keynes já dizia: “A longo prazo estaremos todos mortos”.

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