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A influência das Big Techs na política internacional: Quem realmente está no controle?

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  • há 16 horas
  • 3 min de leitura

Por: Felipe Miranda


O cenário político sul-coreano é algo bastante único no sistema internacional, pois ele nos mostra sobre como a dependência e ausência de mecanismos de controle sobre grandes conglomerados resultaram na consolidação de um modelo de desenvolvimento econômico fortemente centrado nas chamadas “chaebols”. Esses conglomerados familiares, formados após a Guerra da Coreia, foram responsáveis por impulsionar o crescimento acelerado do país durante o chamado “Milagre do Rio Han”, e, assim, se tornaram grandes atores na política, bem como altamente influentes nas instituições sul-coreanas.


A interdependência gerada entre as “chaebols” garantiu a competitividade internacional da Coreia do Sul, mas também abriu espaço para práticas de corrupção que continuam a moldar a sociedade sul-coreana até os dias de hoje. Algumas dessas práticas corruptas geraram enormes escândalos, como o caso entre Park Geun-hye, presidente do país entre 2013 até 2017, e a Samsung, considerado o maior escândalo da história sul-coreana. Neste incidente, Choi Soon-sil, uma amiga próxima de Park Geun-hye, sem nenhum cargo oficial, foi acusada de usar sua proximidade com Park para fazer grandes empresas - incluindo a Samsung - realizarem doações para fundações privadas ligadas a Choi, que, em troca, apoiavam políticas culturais, esportivas e iniciativas do governo de Park. A Samsung, em particular, teria esperado favores políticos do governo em troca dessas doações, com o caso mais emblemático sendo a fusão de duas afiliadas da Samsung em 2015: Samsung C&T e Cheil Industries. Essa fusão era estratégica para Lee Jae-yong, o então herdeiro da Samsung, consolidar seu controle sobre o conglomerado, e o apoio do governo foi essencial para aprovar essa fusão. O escândalo também possui acusações de que Park e Choi manipularam decisões estatais e influenciavam nomeações políticas, apesar de Choi não ter status oficial ou autorização formal.


Ao analisar esse caso, fica evidente o quanto um grande conglomerado pode impactar a política interna de um país em benefício próprio. Essa relação entre poder econômico e influência política, tão marcante no contexto sul-coreano, também pode ser observada em escala global nos dias atuais. Nos últimos anos, empresas de tecnologia com alcance internacional passaram a exercer um papel semelhante, influenciando diretamente tanto a política interna de seus países quanto às relações internacionais.


Um caso emblemático aconteceu em 2023, quando Elon Musk, dono da plataforma X (antigo Twitter), entrou em desacordo com as decisões do Supremo Tribunal Federal brasileiro ao se negar a cumprir ordens judiciais que exigiam a remoção de contas acusadas de propagar desinformação e incitar violência política. Esse impasse culminou no bloqueio da plataforma X no Brasil, colocando em evidência a dificuldade que os Estados têm em regular as empresas transnacionais, reforçando, também, que as mesmas não estão apenas limitadas pelo poder político nacional. Para além disso, essas empresas têm demonstrado impactos significativos sobre a soberania e a estabilidade democrática dos países.


Tanto o caso sul-coreano quanto o caso brasileiro reforçam a ideia de que há um crescente aumento no poder e na influência de grandes conglomerados na política dos Estados, tanto no âmbito nacional, quanto no internacional, com os donos dessas empresas utilizando do poder político e institucional de seus países para alcançar seus objetivos. Ainda assim, não são todos os países que estão sob a influência dessas empresas, e, para proteger a soberania do país, é necessário a adoção de mecanismos para regular os avanços que as multinacionais fazem, e evitar uma interferência direta em sua política.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


1. PBS NewsHour. Brazilian judge suspends Musk's X platform for refusing to name a legal

representative. PBS NewsHour, 30 ago. 2024. Disponível em:

sing-to-name-a-legal-representative. Acesso em: 2 set. 2025.

2. The Guardian. South Korea: former president Park Geun-hye sentenced to corruption.

The Guardian, 6 abr. 2018. Disponível em:

-hye-guilty-of-corruption. Acesso em: 2 set. 2025.

3. Al Jazeera. South Korea pardons jailed former President Park Geun-hye. Al Jazeera, 24

dez. 2021. Disponível em:

n-is-pardoned. Acesso em: 2 set. 2025.

 
 
 

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