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A PANDEMIA DO COVID-19 E SEU IMPACTO NA ECONOMIA DO BRASIL


Maria Cândida de Queiroz Pereira Silva

Maria Júlia Paz Correia


Os impactos do Coronavírus nas negociações internacionais foram perceptíveis e diversos. Por exemplo, aqui no Brasil foi possível sentir a falta de contêineres vazios para realização das exportações. Sabe-se que o Brasil é um país predominantemente agrícola e um dos maiores exportadores. Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI), essa indústria é responsável por quase R$100 bilhões em volumes de exportação, mesmo representando 5% do PIB brasileiro. É notável a importância desse setor na economia brasileira e na pandemia não foi diferente. Os produtores ganharam no preço alto interno dos alimentos e na valorização do dólar devido a alta dos preços no sistema internacional.

Além disso, com menos navios saindo da China, houve um acúmulo de contêineres no país asiático, o que gerou uma escassez global dos equipamentos (Abinee, 2020). Alguns setores da nossa economia foram afetados mais rapidamente, como é o caso da indústria brasileira de eletroeletrônicos. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 70% das empresas do setor tiveram que lidar com problemas de abastecimento de componentes e insumos importados da China (Abinee, 2020). Apesar disso, muitas empresas de mineração não viram a necessidade de mudar suas estratégias, pois não havia muito o que ser feito já que 64% de todo o minério de ferro produzido no Brasil, é comprado pelo gigante asiático. “Com as premissas de que o governo chinês manterá os estímulos à economia, que a questão do coronavírus se dissipe ainda no primeiro semestre e as usinas voltem, no segundo semestre, em ritmo mais forte, a demanda por minério de ferro será impulsionada e, assim, puxará os preços”(Febracon, 2020), afirmou Yuri Pereira, analista da XP.

Outro acontecimento importante foi a perda de valor da moeda brasileira, que se deve à incerteza dos investidores com o rumo das contas públicas. O impacto dessa desvalorização foi visto pelo aumento do Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M), que tinha uma previsão de aumento para mais de 20% ao ano.

E também, do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) que é usado para observar tendências de inflação. É calculado com base no preço médio necessário para comprar um conjunto de bens de consumo.

Por consequência, isso acabou causando alguns problemas nos investimentos atrelados a taxas de inflação que utilizam o IPCA como índice, entre esses investimentos estão: as letras de créditos imobiliários, os certificados de recebíveis imobiliários, os certificados de recebíveis imobiliários e os do agronegócio. Apesar de serem restritos, atenuou-se a diferença entre o IPCA e IGP-M dos quais antes não eram tão expressivos.

Ademais, foi possível notar que seus maiores impactos ocorreram sobre o mercado de trabalho, aumento da pobreza e falências. O Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB), conforme revisão feita em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encolheu 3,9% em 2020. Em valores correntes, o PIB chegou a R$7,4 trilhões (US $1.445 trilhão). O PIB per capita (por habitante) em 2020 foi de R $35.172, com queda de 4,8%. A estimativa de crescimento do PIB brasileiro para 2021 foi de 5,1%, entretanto o aumento foi de 4,6%, e para 2022 de 2,1%. A revisão das projeções no final de 2021 estava relacionada à piora no cenário internacional, notadamente a crise de energia que afetou alguns países na Europa e a quebra de cadeias produtivas (SPE-ME, dez. 2021).

As análises dos dados econômicos do Brasil feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), IBGE e Secretaria de Política Econômica (SPE), em 2021, indicaram que o resgate da economia no pós-pandemia não iria ser fácil, tendo em vista que o país, que já estava tentando se recuperar de um período recessivo da economia, teria que superar nos próximos anos, os empecilhos e desafios do desemprego, inflação ascendente, aumento da pobreza, falências, baixo nível de investimento público, e a necessidade de um mercado de crédito mais efetivo.

Segundo o relatório do Grupo Banco Mundial, “Pobreza e Equidade no Brasil – Mirando o Futuro Após Duas Crises”, que combina dados de pesquisas domiciliares, administrativas e telefônicas, com a intenção de analisar a população em vulnerabilidade durante a pandemia, as pessoas de baixa renda ​​do Brasil foram as mais afetadas, levando em consideração que a piora do mercado de trabalho reduziu a renda domiciliar desses indivíduos. “Os programas de transferência de renda foram capazes de proteger grande parte da população dos impactos imediatos da pandemia, mas ainda precisamos entender melhor as implicações de longo prazo dessa crise no bem-estar. Este relatório procura contribuir para este objetivo” (Worldbank, 2022), disse a diretora do Banco Mundial no Brasil, Paloma Anós Casero.

Outrossim, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz que para melhorar a integração do Brasil ao comércio global, o país deve fazer o uso de políticas internas e externas. No plano interno, a entidade aconselha o avanço de reformas estruturais, especialmente a tributária, e o corte de obstáculos que elevam o custo no Brasil, como a modernização da infraestrutura. Já no plano externo, a agenda de comércio exterior integra medidas de desburocratização, diminuição de tarifas, melhoria do financiamento e o fechamento de acordos comerciais para a redução de barreiras aos produtos brasileiros no exterior.























REFERÊNCIAS:


A economia e os desafios da retomada do crescimento pós-pandemia. Disponível em: <https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/retomada-do-crescimento-pos-pandemia/>. Acesso em: 21 set. 2022.


Coronavírus já afeta 70% das empresas do setor eletroeletrônico - 09/03/20 - Abinee. Disponível em: <http://www.abinee.org.br/noticias/com189.htm>. Acesso em: 3 out. 2022.


COMÉRCIO, D. DO. Covid-19 afeta negócios do Brasil com outros países e índice cai 8,2%. Disponível em: <https://diariodocomercio.com.br/economia/covid-19-afeta-negocios-do-brasil-com-outros-paises-e-indice-cai-82/>. Acesso em: 21 set. 2022.


Como a pandemia “bagunçou” a economia brasileira em 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/12/12/como-a-pandemia-baguncou-a-economia-brasileira-em-2020.ghtml>. Acesso em: 20 set. 2022.


Coronavírus: Economia e Comércio Exterior. Disponível em: <https://www.fazcomex.com.br/comex/coronavirus-economia-e-comercio-exterior/>. Acesso em: 21 set. 2022.


Coronavírus na China faz despencar cotações de commodities brasileiras. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/economia/coronavirus-na-china-faz-despencar-cotacoes-de-commodities-brasileiras/>. Acesso em: 20 set. 2022.


MATIAS-PEREIRA, J. Perspectivas da Economia Brasileira em 2022. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://noticias.unb.br/images/Artigos/DESEMPENHO_DA_ECONOMIA_NO_PS-PANDEMIA.pdf>. Acesso em: 21 set. 2022.


Pobreza e desigualdade no Brasil: pandemia complica velhos problemas e gera novos desafios para população vulnerável. Disponível em: <https://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2022/07/14/pobreza-e-desigualdade-no-brasil-pandemia-complica-velhos-problemas-e-gera-novos-desafios-para-populacao-vulneravel>. Acesso em: 21 set. 2022.


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