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A Retomada do Lockdown em Shanghai e os Possíveis Impactos na Economia Brasileira



Por: Camilla Cesconetto e Laíris Rodrigues


A recente alta nos índices de infectados pela variante ômicron na China ocasionou em restritivas políticas de contenção por parte do governo chinês. Seguindo uma política de “covid zero”, diversas medidas foram implementadas de modo a limitar o número de infectados, adotando-se o lockdown em cidades chinesas como Shanghai. O termo disseminado amplamente durante o período pandêmico, designa uma rigorosa restrição na circulação da população, assim como um rígido regime de confinamento. As imagens da segunda maior cidade chinesa vazia têm se espalhado pela internet, e segundo a Shūmiàn várias objeções estão sendo feitas às medidas que o governo vem adotando para frear a contaminação do coronavírus em Shanghai, dentre elas, a separação de crianças dos pais, problemas de abastecimento e impedimento de tratamento de doenças graves. Essas iniciativas implementadas, visam refrear as taxas de contaminação, bem como diminuir o número de cidadãos infectados pelo coronavírus. Entretanto, a tomada de decisão pela implementação de um regime como este, implica em consequências diretas à economia de diversos países do sistema internacional que possuem relações comerciais com a China. Uma vez que, o lockdown gera uma paralisação parcial na negociação de produtos com o país asiático, principalmente em Shanghai que não é apenas um centro financeiro global, como também detém o maior porto de comércio do mundo. Segundo a BBC News Brasil, somente em 2021 o porto de Shanghai foi responsável por 17% do tráfego de contêineres e 27% das exportações da China.


A diminuição na quantidade de operários no porto, e as restrições impostas pelo governo chinês podem ocasionar em problemas na rede de abastecimento do sistema internacional, dado o congestionamento de navios e o acúmulo de contêineres no porto de Shanghai. Desse modo, dificultando a oferta de commodities e agravando o valor do frete de produtos, que já sofreram um crescimento exponencial desde o início da pandemia, indo de US$1,4 mil em janeiro de 2020 para US$8,9 mil atualmente, conforme os dados do jornal Estadão. Para além disso, a diminuição na oferta de insumos pode gerar um aumento no preço das mercadorias como um todo, tendo em vista a lei da oferta e demanda. Com isto, podendo ampliar os valores inflacionários sobre diversas mercadorias, sobretudo de países como o Brasil que possui a China como seu principal parceiro comercial.


Portanto, os países que possuem relações comerciais com a China estão mais vulneráveis a sucessivas perdas e podem ter dificuldades em abastecer sua cadeia de suprimentos, pois a queda da economia chinesa é capaz de sensibilizar os exportadores de matérias-primas e seus mercados. O Brasil, por exemplo, exporta principalmente soja e minério de ferro para a China, com a diminuição da demanda pelos produtos brasileiros as empresas e o mercado interno já começaram a sentir os efeitos. Ademais, de acordo com o jornal Valor Econômico, exportadores têm tido dificuldades para enviar bens para o país asiático, principalmente por causa do grande aumento no custo dos fretes. Para além das exportações, o Brasil também sofrerá impactos nas importações de produtos chineses. De acordo com uma matéria publicada pelo Nexo Jornal em 02 de maio, as fábricas chinesas estão operando com capacidade reduzida ocasionando em menos produtos e com uma maior dificuldade para transportá-los para o Brasil, sem mencionar ainda na escassez de chips eletrônicos no Brasil e no mundo desde o começo da pandemia, visto que a China produz e distribui esses insumos para a maioria das empresas que necessitam do material para fabricar seus produtos.


Sendo assim, a retomada do lockdown nas cidades chinesas, juntamente com a guerra da Ucrânia tem surtido impactos na economia mundial e brasileira, em razão de dificuldades logísticas as empresas estão tendo de aumentar o valor de suas mercadorias implicando diretamente no bolso do consumidor final.













Referências:


CARVALHO, Marcello. Entenda como novo lockdown na China afeta comércio das indústrias do Brasil e gera risco de desabastecimento. G1. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2022/04/27/entenda-como-novo-lockdown-na-china-afeta-comercio-das-industrias-do-brasil-e-gera-risco-de-desabastecimento.ghtml>. Acesso em: 05 mai. 2022


DINIZ, Augusto; PETRY, Rodrigo. Inflação de custos, por lockdown na China e guerra, contamina resultados do 1º trimestre. Infomoney. 2022. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/mercados/inflacao-de-custos-por-lockdown-na-china-e-guerra-contamina-resultados-do-1o-trimestre/>. Acesso em: 05 mai. 2022


DYNIEWICZ, Luciana; PEREIRA, Renée. Com novo surto de coronavírus e lockdown, China trava cadeia global de produtos. Estadão. 2022. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,novo-surto-covid-china-lockdown-xangai-cadeia-global,70004055475>. Acesso em: 04 mai. 2022


ORGAZ, Cristina. Como a covid criou um congestionamento gigantesco no porto de Xangai que afeta o mundo inteiro - BBC News Brasil. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61196372>. Acesso em: 6 mai. 2022.


ROUBICEK, M. Como os lockdowns da China afetam o comércio com o Brasil. Nexo Jornal. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/05/02/Como-os-lockdowns-da-China-afetam-o-com%C3%A9rcio-com-o-Brasil>. Acesso em: 6 mai. 2022.

SHŪMIÀN. Edição 198 – O adeus de Carrie Lam e a luta de Shanghai contra Covid. Shūmiàn. Disponível em: <https://shumian.com.br/2022/04/05/o-adeus-de-carrie-lam-e-a-luta-de-shanghai-contra-covid/>. Acesso em: 6 mai. 2022.

WONG, Marcus; ISMAIL, Netty. Contágio da China ameaça desestabilizar emergentes. Valor Econômico. Disponível em: <https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/05/02/contagio-da-china-ameaca-desestabilizar-emergentes.ghtml>. Acesso em: 6 mai. 2022.


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