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OBSERVATÓRIO

Análise 04/11 - Segunda sessão AGNU

Por: Cecília Diniz e Júlia Assis, analistas internacionais

Hoje foi o segundo dia da nossa amada AMUN e, diferentemente do primeiro dia, as delegações na Assembléia Geral estavam pegando fogo, o que, pessoalmente, essa escritora ama e sabe que os leitores adoram também. Tivemos de TUDO: delegações - que ontem estavam em harmonia - discutindo entre si, acusações, dedo na cara e gritaria. Até mesmo essa pobre analista sofreu a fúria dos delegados, que ficaram indignados com o trabalho - maravilhoso, se me permitem dizer - da imprensa. Então, sem mais delongas, vamos dar início à queridíssima análise diária.


O dia já começou com uma moção dos Estados Unidos da América para um debate formal sobre a insegurança alimentar. Nesse debate, os EUA falou de atuar com a ajuda do Banco Mundial para a atenuação dessa insegurança, garantia de terras cultiváveis, aumento da produção de fertilizantes e mais algumas outras coisas, mas o que importa mesmo, foi o ataque bem direcionado que o delegado fez à nossa nação favorita, a Rússia. Os Estados Unidos alegaram que a Rússia usa a fome como arma e pediram, encarecidamente, que eles parassem de usar os grãos para esses fins.


Logo em seguida vieram as falas dos Emirados Árabes (que se mostraram forte em suas opiniões sobre a economia e ao meio ambiente e aberto a um acordo com países africanos), a Rússia (que ressaltou a importância do acordo de exportação de grãos), a Espanha, que FINALMENTE se posicionou (trazendo ideias de cartões alimentares ou rendas sociais mínimas), China (que ressaltou sua posição como grande produtor e exportador e chamou Israel para uma colaboração aos países africanos) e todos os outros países participantes.


Ao ser chamada para discursar, a Ucrânia reiterou a fala dos Estados Unidos (sobre como a Rússia utiliza a fome como arma) trazendo os exemplos de seus solos, agora inférteis, graças à contaminação da guerra e pedindo ajuda de outros países nesse quesito, o que deixou a Rússia chateada a ponto de dizer que, se a Ucrânia queria que a guerra acabasse, era só ela parar de resistir e assinar os acordos nada favoráveis à Ucrânia. A mesma, não deixou barato, e disse que não seguiria o conselho do delegado e que lutaria pelo seu povo e por seus territórios legais até o fim. É isso aí, garota! Ninguém solta a mão de ninguém. Infelizmente, mas não inesperadamente, a Rússia acusou a Ucrânia - e todos os outros países que a apoiavam - de marionetes dos EUA e ainda disse que eles - e a OTAN - eram o mal da humanidade.

A nossa ilustre delegada de Portugal não ficou de fora das falas. Se mostrando sempre disposta a ajudar, a mesma defendeu a Ucrânia, sua grande parceira, com unhas e dentes e ainda disse estar aberta no auxílio a Guiné Bissau, que (SPOILER) ficou indignada com o posicionamento do antigo país colonizador das grandes Américas e África.


Uma grande novidade (não tão novidade assim porque eu já havia citado ele no parágrafo anterior. Eu avisei que era spoiler!) trazida por essa linda sexta foi a participação do delegado da Guiné Bissau, que chegou fazendo história. No momento dos posicionamentos sobre a insegurança alimentar, ele pontuou que a devastação do seu continente era devido ao colonialismo e ao imperialismo (pasmem!), que o seu país sofreu e sofre com consequências causadas pela guerra da Ucrânia. Além disso, ele disse não querer mais depender de outras nações e sim ter a capacidade de produzir no seu próprio território e que acha toda essa cooperação multilateral uma falsidade. Após a fala da inteligentíssima delegada de Portugal, Guiné Bissau, sem papas na língua, disse com todas as letras, que a culpa do seu país precisar da ajuda de outros era da sua nação, que tinha colonizado e torturado a Guiné, trazendo consequências enraizadas no país até hoje. Quem tem culpa no cartório, uma hora tem que pagar, né?


Lastimavelmente, um país que não tem mostrado protagonismo nessa Assembléia e que esperávamos uma participação mais forte, é o Brasil, que apesar de ter se posicionado sobre a insegurança alimentar (querendo mais efetividade nos debates de grãos e se propondo a erradicar a fome), é um país no qual 58,7% dos seus habitantes estão em insegurança alimentar e, ao mesmo tempo, teve sua exportação de soja crescida em 260% só no primeiro bimestre de 2022.


Apesar de terem tido um arranca rabo durante o debate formal (e alguns outros momento depois), mais para o final da AGNU, tanto a Rússia, quanto a Ucrânia reassinaram o, já existente porém não mais vigente, tratado de Minsk, o que significa um cessar-fogo entre as nações, que, até então, estavam dizendo que lutariam pelos seus interesses até os fins dos tempos. O acordo deixou essa escritora - e talvez todos os outros analistas - surpresos e, se me consentem dizer, até mesmo desanimada, já que as discussões entre ambos são um grande palco dessas análises e entretenimento como um todo.


Outra boa nova trazida pelo dia de hoje foi a parte da assessoria de imprensa, com direito até a perguntas e respostas. Entre algumas várias, foi citado o desarmamento - que teve a concordância da relevância do assunto pela Guiné Bissau (que diz ser uma grande questão nas suas fronteiras, já que as armas ajudam grupos terroristas), pela Ucrânia (que diz ser um dos motivos do ataque russo aos seus territórios, mas esqueceu de comentar que eles mesmo liberaram o porte de arma para os civis em favor de proteção), Israel (que falou sobre como a mídia ataca o seu país, mas não comentou seus próprios crimes de guerra contra a Palestina e seu povo), entre outros.


E assim, terminamos a análise do nosso segundo dia da Assembléia Geral da Amado Model United Nations (AMUN) e esperamos vê-los lá novamente amanhã, no último dia. Assim como todos os leitores, essa escritora espera que amanhã tenha ainda mais lenha nessa fogueira, para que possamos ter uma análise ainda maior e melhor nesse chuvoso sábado, afinal, só uma fofoca internacional para alegrar, iluminar e esquentar nosso dia, não é mesmo?

Às delegações, um beijo internacionalista e espero vê-los ainda mais sedentos de sangue amanhã. Dasvidaniya, babies! <3


Ps: À todos os delegados e delegações, essa análise não tem a intenção de atacar NINGUÉM pessoalmente. As críticas são meramente parte da encenação. Não levem pro coração, amores!



Para ficar na memória:


  1. Finalmente Rússia e Ucrânia trouxeram suas "discussões militares" para o âmbito da Assembleia Geral. Porém, quanto à assinatura do Acordo de Minsk, será que ambos os países realmente cumprirão o que se propuseram? Ou o tema central desta Assembleia será novamente esquecido?

  2. O delegado da Guiné Bissau trouxe às discussões a questão do neocolonialismo e as próprias consequências da colonização que o país sofreu no passado, atribuindo responsáveis a alguns de seus problemas. Será que novas alianças surgirão na presente Assembleia, após esse momento? E será que elas serão bem quistas?




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1 Kommentar


robertalacmoura
05. Nov. 2022

Show 👏👏

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