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As Consequências Econômicas do Conflito árabe-israelense de 2021

O conflito árabe-israelense, pautado em questões religiosas, geográficas e políticas, já se perpetua há mais de um século[1], sem muitas perspectivas de uma resolução em um horizonte próximo. Um dos aspectos mais subestimados desse conflito é o seu impacto econômico e suas consequências. O mais recente episódio desse conflito, ocorrido em maio de 2021, deixou milhões de dólares em prejuízo para ambas as partes envolvidas.


Os custos da crise de 2021 para os habitantes de Gaza


Os 11 dias de caos entre 10 e 21 de maio custaram bastante para os habitantes de Gaza: quase 17 mil unidades habitacionais danificadas, diminuição drástica de distribuição de energia elétrica pela região, instalações de saneamento desativadas; em suma, o aumento das tensões foi extremamente danoso para a região densamente populada.

A assessoria de comunicação oficial do Hamas, grupo palestino que controla a região, estimou que os bombardeios feitos pelas Forças de Defesa de Israel causaram por volta de US$ 40 milhões em danos a fábricas e zonas industriais da Faixa de Gaza, além de por volta de US$ 22 milhões em danos a infraestrutura energética da região.

O Ministério da Agricultura de Gaza, conforme aponta a agência Reuters, informou que cerca de US $27 milhões em danos foram causados a estufas, terras agrícolas e granjas de aves. Além disso, a Organização das Nações Unidas, ONU, aponta que devido aos bombardeios e à intensificação do conflito, os palestinos tiveram o acesso à água potável limitado.

Por fim, em face dessas complicações, após o cessar-fogo anunciado em 21 de maio, a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente), a agência da ONU para refugiados palestinos, emitiu apelo solicitando US$38 milhões em financiamento para cobrir as necessidades humanitárias urgentes em Gaza e na Cisjordânia, região ocupada militarmente por Israel na Guerra do Seis Dias em 1967.




Os custos dos conflitos para o Estado de Israel


Dentre os diversos custos do conflito, destacam-se aqueles voltados à Cúpula de Ferro, sistema de defesa aérea móvel da Forças de Defesa israelense. O sistema é projetado tanto para interceptar foguetes de curto alcance, quanto projéteis de artilharia disparados a longas distâncias, entre 4 e 70 quilômetros. É primariamente utilizado para proteger o território israelense dos foguetes lançados pelo Hamas, grupo palestino que controla a Faixa de Gaza e não reconhece a legitimidade do Estado de Israel.

Israel incorre em gastos de dezenas de milhares de dólares para cada míssil que usa para interceptar foguetes do Hamas - mísseis estes cujos custos de fabricação são bem menores que os custos dos mísseis da Cúpula de Ferro.

Conforme declarou ao Jerusalem Post, o especialista em mísseis israelense Uzi Rubin estimou o custo dos foguetes Qassam utilizados pelo Hamas em torno de US $300+ e US$800 cada. Já os custos dos mísseis interceptadores da Cúpula de Ferro, conforme avaliou o engenheiro Tal Inbar, em declaração à Anadolu Agency, podem variar de US $50,000 à US $100,000 cada.

Na última crise do conflito, em maio de 2021, pelo menos 4.360 mísseis foram lançados a partir da Faixa de Gaza. Desses, pelo menos 1.500 tiverem no seu curso a possibilidade de cair em áreas populadas em Israel, o que gerou por volta de 1.500 lançamentos de mísseis da Cúpula de Ferro para interceptá-los, gerando custo de pelo menos US$75 milhões para Israel, ao estimar-se o preço mais baixo apontado por Tal Inbar.

Além de todos custos diretos citados, há também os indiretos, como a diminuição quase total do turismo, redução de exportações, perdas de capital humano, fundo para veteranos e, os grandes gastos imobiliários, tendo que haver uma alocação de recursos para reconstrução de alguns imóveis danificados pelo o conflito, mas também na construção de um quarto especial que sirva de abrigo em todos os novos apartamento que, representa gasto de cerca de 4.5 bilhões de shekels.


Considerações finais


O conflito árabe-israelense não se reduz nas dimensões políticas, étnicas e religiosas, alcançando a esfera econômica e lá deixando a sua marca. Compreender essa dimensão ajuda a se reconsider os esforços que têm sido feitos a fim de solucionar o conflito, que deixa uma mancha humanitária custosa, salientada pelos preocupantes números econômicos, mas concretizada na constatação de que muitas vidas alheias aos motivos do conflito, são perdidas graças aos impactos econômicos.


[1] Apesar do Estado de Israel ter sido criado em 1948, o conflito tem origens mais antigas, especialmente no período da ocupação britânica da região através do Mandato Britânico da Palestina (1920-1948), após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial.


REFERÊNCIAS


AL-MUGHRABI, Nidal. SAUL, Jonathan. Factbox: Palestinians, Israelis count cost of 11-day fight. Reuters. Disponível em: <https://www.reuters.com/world/middle-east/palestinians-israelis-count-cost-11-day-fight-2021-05-20/> Acesso em: 25 de maio de 2021.


ARNAOUT, Abdel-Raouf. Israel incurs heavy costs intercepting Hamas rockets. Aa. Disponivel em: <https://www.aa.com.tr/en/middle-east/israel-incurs-heavy-costs-intercepting-hamas-rockets/2244205> Acesso em: 25 de maio de 2021.


PFEFFER, Anshel. The Costly Success of Israel’s Iron Dome. The atlantic. Disponível em: <https://www.theatlantic.com/international/archive/2021/05/iron-dome-israel-netanyahu-hamas/618973/> Acesso em: 25 de maio de 2021.


SZUSTER, Amir. o impacto do conflito na economia israelense. Conexão Israel. Disponível em: <http://www.conexaoisrael.org/o-impacto-dos-conflitos-na-economia-israelense/2016-07-25/amir> Acesso em: 29 de maio de 2021.


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