Por Rafael Vieira
INTRODUÇÃO
Gases do efeito estufa, aerossóis formados pela queima de biocombustíveis e combustíveis fósseis, desmatamento florestal: os motores das mudanças climáticas globais são muitos. No entanto, seriam estes motores implacáveis estruturas da natureza indiferentes à nossa ação enquanto humanidade?
Tal pergunta, em um contexto no qual se sabe que 2016 e 2020 estão empatados como anos mais quentes da história desde 1880 e as principais instituições científicas com reconhecimento global levam a sério o fator humano nas problemáticas mudanças climáticas que têm se apresentado, é mera retórica quando já se sabe a resposta. E a resposta é um ressonante “Não!”.
Se a humanidade se encontra num estado onde as preocupações com o futuro do seu lar são eminentes, muito se deve aos seus próprios feitos, como os avanços indiscriminados e acelerados promovidos por alguns séculos de capitalismo. Com o problema posto, a solução se apresenta vária em objeto, intensidade e modo. O consenso quanto à responsabilidade humana da piora do clima planetário pode ser indiscutível, mas a decisão sobre as ações que precisam ser feitas provoca um dissenso angustiante. Entendamos um pouco da situação.
Além do infame título de anos mais quentes dividido por 2016 e 2020, os últimos 22 anos abrigam os 20 anos mais quentes da história das medições de temperatura global. Ademais, iniciativas globais como o Acordo de Paris e seus compromissos de redução de emissão de gases do efeito estufa não diminuiriam suficientemente a temperatura global nesse século - o planeta ainda esquentaria em pelo menos 3°C.
Por fim, as geleiras do Oceano Ártico - tão fundamentais para o equilíbrio do clima global - diminuíram sua extensão nos últimos anos, tendo o seu menor nível registrado em 2012. A situação é, portanto, de imediata relevância e de indispensável urgência. Que tipo de ferramenta pode potencializar a divulgação desses perigos para uma parcela significativa da população de forma acessível? Eis aí o papel do cinema, a partir do qual usaremos o filme Wall-E como referência para compreender uma das formas de conscientização ambiental possíveis que perpassam por ideias adjacentes àquelas promovidas pela Green Theory nas Relações Internacionais.
O AMBIENTALISMO DE WALL-E
Wall-E é um filme animado de ficção científica (dotado de elementos de romance e comédia) lançado em 2008 pela Walt Disney Pictures e produzido pela Pixar. A premissa de Wall-E nos é apresentada, sem diálogos, nos 30 minutos iniciais do filme (WEBER, 2010): Wall-E, um robozinho solitário, acompanhando de uma barata que é o único sinal de vida orgânica numa Terra dominada por torres de lixo, vaga pelo planeta num cenário pós-apocalíptico que acinzentou por completo os ares e a estética das paisagens outrora habitadas por seres humano. A função deste robozinho atrapalhado e deveras nostálgico é organizar a bagunça que os humanos deixaram para trás. O intuito dele não é limpar, mas apenas estruturar o lixo em inúmeros montes gigantes do tamanho de prédios de vários andares.
O filme, que foi dirigido por Andrew Stanton, contém uma mensagem ambientalista poderosa, ao apresentar não o que podemos fazer hoje, mas com o que teríamos que lidar no amanhã de um mundo pós-ambiental que cada vez mais se aproxima. As cores frias e a solitude que persevera na ambientação da Terra vagada pelo simpático robô são um prelúdio de um futuro que nos ameaça - e Wall-E busca evidenciar, com sua sutileza, as causas desse futuro. E elas são, predominantemente - senão integralmente - humanas.
A POLUIÇÃO EM WALL-E
As fileiras de lixo organizadas verticalmente, contendo cada uma delas inúmeros pequenos cubículos expelidos pela tecnologia dos robôs como Wall-E, atuam como uma mescla simbólica entre a ênfase humana em organização e planejamento com a futilidade de muitos atos com fins ambientais em face da proporção dos problemas. Em matéria de ações simbólicas, a educação ambiental é repleta delas: não desperdiçar a água da torneira, não jogar lixo na rua, consumir alimentos ambientalmente corretos e por aí vai. É crucial diferenciar o impacto estrutural dessas ações da sua efetividade educacional e até mesmo da efetividade psicológico-moral destas na sociedade.
Se, por um lado, esses atos, quando compreendidos a nível individual, carecem de efetividade global, por outro, tais atitudes ajudam a evocar um senso de responsabilidade pelo meio ambiente no seio da sociedade. Esse cultivo, ainda que pouco perceptível em termos de melhoras a curto e médio prazo, pode ser o diferencial em um futuro que necessitará cada vez mais de hábitos ambientalmente sustentáveis.
Esse dilema, das necessidades de nível global versus as ações a nível individual, é muito bem elencado em Wall-E. Vejamos. Em primeiro lugar, o filme dá destaque à corporação Buy n Large Corporation (BnL Corp) e o seu papel no estado atual do planeta Terra. Esse destaque é apresentado nos 30 minutos iniciais do filme por meio da mostra constante de produtos da corporação, mostrando que a empresa dominou uma diversidade de mercados, efetivamente produzindo uma dependência enorme da sociedade pelos seus produtos.
Tal domínio econômico se traduz numa capacidade quase que sem limites de influenciar culturalmente os hábitos das pessoas. Com o intuito de obter lucro, a BnL Corp fez, portanto, o seu dever de casa: estimulou um incansável consumismo que culminou no desgaste inevitável dos recursos da Terra, somado a um acúmulo de lixo sem precedentes. Desta forma, o objetivo de Wall-E não é menosprezar ou diminuir o poder das ações individuais no combate aos diversos problemas ambientais que assolam a humanidade, mas sim enfatizar aspectos sistêmicos que demandam ações coletivas e governamentais - quiçá intergovernamentais.
Tal ênfase ocorre a fim de demonstrar que ações a nível individual acabam se tornando paliativos cujo propósito, muitas vezes, se resume a provocar o sentimento de que não é preciso abdicar de muitas coisas para conseguir contribuir, de fato, para a saúde do meio ambiente. Ao adotar essa postura, Wall-E foge dos padrões de Hollywood, que prefere ignorar os problemas sistêmicos que residem nas sociedades capitalistas modernas.
Wall-E, enquanto obra cinematográfica conscientizadora, toca na ferida e clama por ações que saiam da mera esfera individual e se transponham para os níveis de poder que são dotados de ferramentas capazes de promover as mudanças estruturais necessárias para um desvio do curso que direciona a humanidade para o iceberg destruidor que tende a ser o futuro pós-exaustão do capitalismo e sua incessante demanda por recursos naturais.
Através dessa reflexão, o filme nos faz pensar não apenas em todo o processo que culminou no mundo solitário do robozinho acompanhado de sua amiga barata, mas também no que a humanidade desse mundo pós-ambiental pode fazer para recuperá-lo. Se é que ainda há humanidade para recuperar algo.
ONDE ESTÃO OS HUMANOS EM WALL-E?
É quando chegamos no segundo ato do filme - após a singela beleza silenciosa dos primeiros 30 minutos - que conhecemos os humanos e sua nave Axioma. Lá, incapazes de notar o mundo além das suas doses diárias de propaganda e fast-food, as pessoas se transformaram em dóceis consumidores acríticos de tudo aquilo que a BnL Corp já fazia na Terra. Foi ela, inclusive, que promoveu - 700 anos antes do enredo do filme - a migração do que restou da humanidade para os confins da galáxia.
Vale ressaltar que essa humanidade é composta apenas por aqueles abastados o suficiente para comprar um lugar na nave. O restante? deixados para trás à sua própria sorte.
Na nave Axioma, as propagandas dominam aquele enclausurado mundo, ditando o que fazer e como fazer. O nome da nave é sugestivo, pois indica o que ali acontece: consumir é a verdade autoevidente que molda as vidas desses novos (não-tão-novos) seres humanos. Não há espaço para qualquer autonomia. Ousar tornar-se independente dos serviços da grande corporação é inimaginável.
É, então, nesse contexto opressivo que a humanidade de Wall-E se encontra, fustigando o ímpeto pessimista que domina a película. Mas a história desse robozinho que conhece, em sua jornada, EVE, uma robô com aspectos femininos que foi enviada pela Axioma à Terra a fim de encontrar sinais de que o planeta está habitável novamente, é a trajetória do herói improvável que elenca no poder do amor a principal resposta para os problemas da humanidade.
É uma mensagem que, por mais tocante que seja, não é o cerne da questão ambiental que nos interessa. Qual é, então, a mensagem que instiga uma potência modificadora para a humanidade em termos ambientais?
Tal mensagem reside na representação do consumismo, e da sua subsequente alienação, como fatores cruciais para a perpetuação do desperdício, da poluição e do esgotamento de recursos. Essa dinâmica presente no modelo capitalista é que é fortemente contestada pelo filme, suscitando uma necessidade de se olhar internamente para esse modelo para que, no fim das contas, alternativas sustentáveis possam, de fato, se sustentar, dentro desse sistema.
A humanidade que vive (mas pouco convive) na nave Axioma possui, inclusive, um sistema ironicamente bem organizado de manuseio do seu lixo. Os resíduos são expelidos para o espaço de maneira organizada, numa imitação espacial daquilo que o pobre robô Wall-E faz na sua jornada de zelador da Terra. A pergunta que se faz diante dessas cenas de remoção de lixo da nave é: Qual a diferença entre esse lixo pressurizado em pequenos cubos e o lixo simplesmente jogado, desordeiro?
Tal reflexão aponta, mais uma vez, o quão confortável é se sentir organizado e no controle da situação, mesmo que a diferença de tal papel humano seja ínfimo ou inexistente. O real sombrio significado disso é, no entanto, que a humanidade da Axioma concebeu um sistema que, na superfície, parece organizado, mas que é, antes de tudo, uma fachada que esconde a realidade tóxica da qual tentaram fugir e deixar na Terra, mas que ainda persiste em sua raiz mais venenosa ali naquela nave: o consumismo desenfreado.
WALL-E E A DEFLAGRAÇÃO DO CORPORATIVISMO CONSUMISTA
Como vimos até aqui, existe no filme uma tensão entre incrustar no telespectador o valor do apreço pela natureza e por ações sustentáveis e a insignificância desses atos em face dos problemas de ordem macro.
Tais problemas que transcendem o nível individual são cabíveis para governos e corporações de alcance transnacional, sendo estes os atores que seguram nas suas mãos a responsabilidade decisiva para o destino ambiental da humanidade.
O filme questiona o conforto de achar que ações individuais e sinalizações de virtude ecologicamente corretas são o suficiente, mostrando que ações mais estruturais e a nível governamental - ou mesmo internacional - são estritamente necessárias.
Os grandes conglomerados empresariais têm um papel intenso em nossas vidas. Através, por exemplo, de suas produções de tendências, sua redação de cada linha de nossas vidas em nome do lucro, usando os artifícios da propaganda e do marketing para capturar as mentes e imaginações. Tudo isso evidencia que a mudança a nível corporativo é fundamental para uma real mudança a nível individual.
Pois de que forma pode uma mudança particular surtir efeito se o sistema segue encorajando ações que vão na contramão dessa sustentabilidade revolucionária e solitária?
Wall-E é, em muitos sentidos, uma história da perda da habilidade da vida humana de se conectar entre si e de se conectar com o seu antigo lar - a Terra. O consumismo alienante é a válvula de escape que não só provoca essa ruptura emocional e esse abraço à apatia, mas persiste ferozmente, reescrevendo as interações humanas sempre em torno das demandas econômicas que ignoram o seu potencial autodestrutivo quanto ao consumo de recursos.
É muito comum que, ao falarem de mudanças climáticas e das ações necessárias para combatê-las, muitos se esqueçam de mencionar o papel central das corporações e da cultura do consumismo nessa questão.
Wall-E mostra, simbolizado na atuação da BnL Corp, o efeito que esses elementos têm na displicência da humanidade com o meio ambiente. Tais efeitos são uma ilustração de que esses elementos residem, devidamente, na causa dos problemas ambientais de origem humana. Como diz Weber (2010), "as empresas nunca foram solicitadas a repensar suas diretrizes para obter lucro e os consumidores nunca foram solicitados a repensar suas diretrizes para consumir" (p. 213).
Diferente da ingênua crença de que as relações econômicas são harmônicas, benéficas para todos e que o desenvolvimento econômico liberalizante é totalmente compatível com o desenvolvimento sustentável, Wall-E deixa claro que algo precisa ser feito no âmago do próprio capitalismo para que a descida rumo ao mundo tóxico e inabitável do filme não se torne uma realidade para nós.
E é nisso que Wall-E, traz, afinal, seu diferencial. Enquanto em Free Willy (1993), o jovem Jesse é o improvável herói que retira a orca Willy das mãos do ganancioso dono do parque (INGRAM, 2000), em Wall-E, a BnL Corp não é o lado mal de um duelo maniqueísta entre a humanidade vítima e o vilão mesquinho. Ela é a incorporação de um sistema - o capitalismo - em sua mais pura e desimpedida forma.
A constatação de que a liberdade irrestrita de desenvolvimento do capitalismo é a ruína do lar da humanidade é um dos aspectos essenciais da crítica promovida por Wall-E.
Filmes como Free Willy tentam vender a história de que a ação individual é suficiente - Jesse e seu heroísmo salvarão o mundo (INGRAM, 2000). O mundo de Wall-E foi destruído e não por falta de alguém como Jesse, mas pela falta de autoconsciência da verdadeira raiz do problema. Falta de autoconsciência esta que fica evidente quando conhecemos a humanidade que habita a nave Axioma.
Apesar desse diferencial, é preciso salientar que Wall-E tem sim o seu momento “heróico”. Uma situação crucial de esperança no filme é representada na figura do capitão da nave Axioma, que decide enfrentar a grande corporação que comanda tudo e retornar para a Terra em busca de um recomeço. Esse desafio heróico do piloto é simbólico, um convite ao despertar do sono alienado que há muito vigora na sociedade moderna.
A exploração do papel autoritário das corporações em um ambiente onde o ser humano é sempre visto como uma fonte potencial de lucro é um recado direto à essa necessidade de acordar. O humano é o peão do totalitarismo das corporações e há uma crítica aos representantes políticos, que seriam meras distrações, enquanto quem verdadeiramente governa são os lobbies corporativos e os ditames do capital. Não é à toa que o autoritário robô comandado pelos interesses da corporação Buy n Large se chama AUTO.
PEQUENOS ATOS, GRANDES IMPACTOS?
Conclui-se, então, que a grande mensagem de Wall-E para o público que o acompanha é a importância de uma ênfase substancial nas necessidades de mudanças a nível sistêmico do nosso padrão de consumo e das diretrizes das corporações. O lucro precisa estar à serviço do meio ambiente e da sustentabilidade, e não o contrário.
Um desenvolvimento realmente sustentável precisa passar por essa reforma estrutural ou os nossos pequenos atos, por mais confortáveis e simpáticos à causa que sejam, não passarão de paliativos incapazes de deter o giro infernal da degradação do clima e do meio ambiente que cobre o pálido ponto azul no universo que chamamos de Terra - e de lar.
A GREEN THEORY NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A chamada “Green Theory” (também conhecida como “Green Politics”) emergiu como uma posição teórica relevante a partir da década de 1970, principalmente com o surgimento do partido Die Grünen na Alemanha e o grupo político Kabouters nos Países Baixos, eventualmente se espalhando pela Europa tanto no meio político como no intelectual. Tal posição se sustenta em três pilares: uma ética ecocêntrica, uma posição de que limites sustentáveis precisam ser impostos ao crescimento e um clamor à descentralização do poder (DOBSON, 1990). Vejamos, então, a conexão, justaposição ou oposição entre esses pilares e as diretivas encontradas na lição de Wall-E sobre ambientalismo.
Inicialmente, na promoção de uma ética ecocêntrica, os defensores da Green Theory rejeitam uma concepção moral que situe apenas a espécie humana como privilegiadamente detentora de direitos, arguindo por uma posição que situe os ecossistemas e a própria natureza viva dentro de limites éticos, situando, assim, a ética não apenas na vida humana, mas na vida per se (DOBSON, 1990). Se olharmos para Wall-E através desse primeiro pilar, enxergamos que o protagonismo de dois robôs e de uma barata não é por acaso: a vida humana e o seu luxuoso consumismo são indignos de protagonismo nesse mundo, com a posição de rosto do filme do robozinho de 700 anos chamado Wall-E significando uma retirada da humanidade do eixo central da Terra. O planeta agora é de Wall-E - e de sua amiga barata - e, se a humanidade quiser ser parte dele novamente, terá que ouvir não só Wall-E, o robô, mas Wall-E, o filme; isto é, a mensagem central do filme precisa ser ouvida pela humanidade.
No segundo pilar, temos a imposição de limites sustentáveis ao crescimento, que argumenta que a crise ambiental que assola a humanidade na atualidade é fruto de políticas de crescimento ilimitadas e desorientadas para a sustentabilidade. Com essa constatação da natureza dos principais problemas ambientais, os defensores da “teoria verde” buscam conceber uma série de limites que respondam a essa problemática (DOBSON, 1990).
Em Wall-E, a constatação é perfeitamente compatível com o segundo pilar dos proponentes da Green Theory. Vemos no consumismo desenfreado a raiz do problema, com as cenas iniciais demonstrando o domínio da BnL Corp sobre a sociedade e como a produção de lixo foi fruto desse status hegemônico alcançado pela empresa. No filme, a mensagem é apocalíptica, já que mostra o desastroso resultado de séculos de crescimento desenfreado e despreocupado. O papel conscientizante do filme é, como já vimos, a nível macro, um chamado para que impeçamos que as coisas cheguem ao desastre representado em Wall-E.
Por fim, o terceiro e último pilar da Green Theory corresponde à descentralização do poder, que consiste na constatação de que o Estado moderno é, ao mesmo tempo, grande e pequeno demais para lidar efetivamente com as questões de sustentabilidade (DOBSON, 1990). Pequeno pois seu eixo nacionalista impede uma coordenação internacional necessária, o que faz com que novas estruturas regionais e globais sejam prementes para respostas efetivas; Grande pois sua estrutura destoa das necessidades a nível local, tornando o implemento de políticas particularizadas, que lidem com as realidades de cada situação, mais custoso. Assim, a descentralização do poder se torna necessária nesse âmbito, mesmo que tal descentralização também implique em uma flexibilização da soberania estatal que dê vez para coordenações internacionais capazes de penetrar nas políticas ambientais nacionais.
No filme da Pixar, o elemento da descentralização do poder é o fator implícito na dramática cena da resistência do capitão da Axioma contra a tirania da BnL Corp. Ao enfrentar o poder da corporação, o capitão toma para si uma responsabilidade, numa analogia à importância de que comunidades locais tomem para si responsabilidades locais e que, da mesma forma, lideranças internacionais superem o egoísmo e nacionalismo que impede as coordenações a nível transnacional.
CONCLUSÃO
Wall-E apresenta uma visão particular das causas dos problemas ambientais que afetam a humanidade, destacando as origens capitalistas e consumistas que permeiam o sistemático uso de recursos do planeta sem considerações a médio-longo prazo. O cinema é amplo em suas visões acerca do tema e costuma ser criticado por apresentar abordagens com soluções fáceis e heroísmos deslocados da faceta global do problema. Wall-E surge, portanto, como um filme distinto das tendências e aprofunda um debate que demanda atenção imediata da população. Em seu amplo alcance, o cinema se torna uma mídia extremamente adequada para promover uma conscientização de longo alcance e, conforme analisamos, Wall-E se destaca como condutor perfeito das reflexões que devem tomar o protagonismo nos debates acerca das questões ambientais, em especial nas Relações Internacionais a partir da perspectiva inaugurada pela Green Theory.
REFERÊNCIAS
DOBSON, A. Green Political Thought. Londres: Routledge, 1990.
INGRAM, David. Green Screen: Environmentalism and Hollywood Cinema. Londres: University Of Exeter Press, 2000.
WEBER, Cynthia. International Relations Theory: a critical introduction. 3. ed. Londres: Routledge, 2010.
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