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Foto do escritorGessy Lima

De Crise a Acordo: Como Delegados e Empresas Superaram as Adversidades (Análise CFDS - Segundo Dia)

Caro leitor,


Parece que nos encontramos mais uma vez. Espero que ainda estejam com a mesma empolgação do primeiro dia, porque essas escritoras e os delegados deste comitê com certeza estão. Então, parafraseando o digníssimo Castelo Rá-tim-bum: “senta que lá vem história”.


Na última sessão, o comitê entrou em crise ao receber a notícia de que cerca de 700 mil malawianos estavam nas fronteiras de Moçambique após a inundação de suas casas. Já no segundo dia, as discussões sobre esse problema pareceram ter se tornado calorosas. As consequências dessa tragédia fizeram os representantes das empresas trabalharem juntos e de forma mais urgente para auxiliar nessa questão.


Houve chuvas e mais chuvas de ideias logo no início da sessão, e é isso que gostamos de ver! (Embora essas autoras admitam que nossos ouvidos estejam sofrendo um pouquinho com tanta empolgação nesse exato momento em que estamos escrevendo esta carta. Que emocionante!) As empresas rapidamente se juntaram para debater e chegaram a um consenso: o governo de Moçambique deveria abrir suas fronteiras para abrigar esses refugiados. Para tal, a empresa tecnológica Syngenta foi pioneira ao sugerir a criação de centros para abrigar essas pessoas. Essa ideia logo foi aprovada pelos demais representantes, que começaram a criar detalhes para o desenvolvimento desse projeto.


Nessa linha, discutiram sobre como Moçambique deveria utilizar estádios de futebol para transformá-los em centros comunitários ou emergenciais, e como as empresas poderiam disponibilizar parte de suas vagas para que as pessoas pudessem se inserir na economia do país. Eles até mesmo falaram em instalações permanentes… eita como trabalham! Porém, temos um “pequeno” problema de logística, como citado pelo delegado da Companhia Ferroviária Balfour Beatty, ao dizer que “os estádios não vão conseguir abrigar todo mundo”. Devemos mencionar que o maior estádio moçambicano detém somente 42 mil assentos, e são 700 mil imigrantes em necessidade de abrigo.


Como as suas queridas autoras são extremamente curiosas (assim como você, e não ouse dizer que não), perguntamos à mesa, mais especificamente à representante do Banco Mundial, o que ela achava dessa situação. Ela declarou que, apesar de estarem indo pelo caminho certo, as empresas pecaram em esclarecer como ocorreria a triagem desses pacientes, visto que os delegados até tentaram, mas não chegaram a discutir de forma efetiva sobre equipamentos eletrônicos, o que levou a representante a perguntar: “Esses médicos irão escrever à mão?” Eu não sei você, mas nunca fui atendida por um médico que escrevia à mão. Será que é um choque cultural?


Então, isso significa que as propostas não são efetivas? Que os delegados estão perdidos? Que o comitê está falhando- Calma, calma, calma… Na realidade, eles estão indo muito bem, além de seguirem uma via sustentável. Isso pode ser explicitado justamente no enfoque socioambiental que os contratos propostos buscam garantir. Apesar de, em uma discussão sobre o primeiro contrato, parte dos delegados ter discutido sobre a compra de medicamentos, comida, água e… isenção de taxas para a compra de sementes? Bom, acreditamos que outros tópicos mereciam uma atenção maior para o desenvolvimento desta resolução. Ainda dentro dessa proposta, a mesa ressaltou que os quatro meses sugeridos para a aquisição desses suprimentos seriam muito curtos, e a solução sugerida foi a criação de um elemento comunitário (um centro, por exemplo). Nesse contexto, os delegados da Syngenta e da Rocha citaram contrapartidas no que diz respeito à situação mais fundamental: a recepção de pessoas e a criação dos espaços para recebê-las.


A prova real de que as propostas puderam sim ser efetivas e que os delegados, na verdade, não estavam perdidos (e muito menos o comitê falhando) é que as três propostas apresentadas não foram somente aceitas, como também aprovadas.


O contrato de Parceria Público-Privada (PPP) foi apresentado pela Apple, Huawei e NOS Comunicações. As partes Apple e Huawei oferecerão suporte tecnológico para comunicação e atendimento aos imigrantes em Moçambique, além de educação e capacitação para a inserção no mercado de trabalho. Já a NOS será responsável pela gestão dos Serviços de Atendimento aos Imigrantes, utilizando uma estrutura pública fornecida pelo governo.


No segundo contrato, as empresas concordam em colaborar na construção de habitações, estradas e abrigos temporários para imigrantes do Malawi. Para os conjuntos habitacionais a longo prazo, as partes Bechtel e Balfour Beatty construirão 50% das unidades e estradas, enquanto a Vinci investirá US$ 30 milhões em sistemas de água, esgoto e drenagem. A Skanska, com o mesmo valor, instalará energia solar e geradores sustentáveis, e a Nexans cuidará das placas solares. No curto prazo, as partes Skanska, Nexans e Vale S.A., com US$ 35 milhões, construirão 125 mil unidades habitacionais de baixo custo e fornecerão energia sustentável.


Por último, o contrato JOINT VENTURE, celebrado pela Corteva, Bayer Cropscience e Nutrien, acordou que a Bayer se compromete a desenvolver vacinas e UTIs adaptadas a Moçambique, enquanto a Corteva fornecerá suplementos vitamínicos e treinamento para voluntários. A Nutrien contribuirá com equipamentos agrícolas e drones. A Corteva apoiará a Bayer e treinará voluntários, totalizando 1,5 milhão. A Bayer fornecerá 5 milhões de doses de vacinas, totalizando 250 milhões, e 100 leitos; a Nutrien fornecerá 100 drones (10 milhões), 100 tratores (6 milhões) e 150 colheitadeiras (6 milhões).


Ao chegar no final desta sessão, o desejo foi que as discussões deixassem de ser apenas expositivas e se transformassem em negociações que trariam respostas. Afinal, será que os delegados encontraram as soluções que tanto buscamos? A última sessão do segundo dia trouxe o desfecho dessa jornada, com conclusões que foram tão positivas quanto surpreendentes. Uma salva de palmas para todos os delegados que participaram nesses acordos! Se você não foi um deles, melhore senhor delegado!


Por fim, mas com certeza não menos importante, gostaríamos de ressaltar que essa análise jamais seria feita ou publicada sem o trabalho conjunto com os ilustres e esforçados repórteres da Assessoria de Imprensa, que estiveram presentes ajudando e produzindo conteúdos fundamentais junto aos analistas, e a eles expressamos nossa enorme gratidão.


Assessoria de Comunicação - Analistas Internacionais

Por: Maria Júlia Souza, Maria Rita Souza, Stéffani Pôrto

Curadoria: Gésscia Lima e Victor Hugo Batista


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