No ano de 2015, os países membros das Nações Unidas (ONU), adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, a Agenda 2030 “[..] é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade". Os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas, estabelecidos na Agenda 2030, englobam áreas importantes para a humanidade: as pessoas, o planeta, prosperidade, paz, e a cooperação.
Os ODS foram bastante impactados pela Pandemia de Covid-19 em todo o mundo. Dentre estes, o objetivo 10 - Redução das Desigualdades - é um dos objetivos que foi afetado pela pandemia, devido principalmente à alta concentração de renda presenciada no período. Esse objetivo trata da redução das desigualdades dentro dos países e entre os mesmos, e possui 10 metas a serem alcançadas até 2030, como por exemplo, as meta 10.1 e 10.3
Até 2030, progressivamente alcançar e sustentar o crescimento da renda dos 40% da população mais pobre a uma taxa maior que a média nacional. Garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultado, inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e práticas
discriminatórias e promover legislação, políticas e ações adequadas a este respeito.(Plataforma Agenda 2030)
Porém, a pandemia apresentou um grande desafio no que diz respeito ao alcance dessas metas, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil (MAIA, 2020), que possui uma economia voltada para o setor de serviços e agroexportação, sendo mais afetado pelo contexto internacional. A pandemia não trouxe os mesmos impactos para todos os países e para os diferentes grupos sociais, enquanto uma pequena parcela da população brasileira, por exemplo, pôde manter o mesmo padrão de vida de antes e alguns inclusive tiveram grandes ganhos econômicos durante a pandemia, outra grande parcela da população vem enfrentando muitos desafios socioeconômicos, principalmente que dentre as medidas necessárias para evitar a disseminação do coronavírus, muitos estabelecimentos tiveram que ser fechados, afetando empregadores e empregados.
Soma-se a isso, a incapacidade do governo brasileiro em oferecer auxílios suficientes para garantir que a parcela da população mais afetada pudesse manter um padrão de vida que os permita suprir suas necessidades básicas, como pode ser observado com o Brasil se aproximadamente da porcentagem que o incluirá novamente no Mapa da Fome da ONU (CNN Brasil, 2021).
Uma das consequências dessas medidas, e também por conta da retração econômica experimentada em todo o mundo, as taxas de desemprego bateram recordes no Brasil. Segundo reportagem do G1 (2020), em apenas 5 meses de pandemia (entre maio e setembro de 2020), o Brasil vivenciou um aumento de mais de 33% no número de desempregados no país, chegando a mais de 13 milhões de pessoas. A fome no país também aumentou, ficando maior inclusive do que quando foi criado o programa do Bolsa Família. Hoje, cerca de 59% dos brasileiros enfrentam algum grau de insegurança alimentar e cerca de 12,7% enfrentam situação de grave insegurança alimentar.
Em paralelo a isso, os bilionários aumentaram suas fortunas no Brasil, no último ano, o país ganhou 11 novos bilionários, enquanto quase 117 milhões de brasileiros passam fome (CARVALHO, 2021). A fortuna dos bilionários no Brasil, segundo reportagem da Folha de São Paulo, cresceu 39% ainda nos primeiros meses da pandemia. Em detrimento disso, pode-se observar que as desigualdades dentro dos países e as desigualdades entre países não foram reduzidas, mas sim agravadas durante a pandemia.
Referências:
CARRANÇA, Thais. Fortuna dos bilionários brasileiros cresceu 39% em meio à pandemia, diz UBS. Folha de S.Paulo, 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/10/fortuna-dos-bilionarios-brasileiros-cresceu-39-em-meio-a-pandemia-diz-ubs.shtml. Acesso em: 9 de Maio 2021
CARVALHO, Paola Loureiro. O Brasil dos contrastes extremos. Le Monde Diplomatique Brasil. 2021. Disponível em: https://diplomatique.org.br/o-brasil-dos-contrastes-extremos/. Acesso em: 25 de Maio 2021
Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais. Nações Unidas. Disponível em:https://sdgs.un.org/goals. Acesso em: 9 de Maio 2021
LIMA, Mário Sérgio. Inflação e pandemia podem empurrar Brasil de volta ao Mapa da Fome. CNN Brasil, 2021. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/04/01/inflacao-e-pandemia-podem-empurrar-brasil-de-volta-ao-mapa-da-fome. Acesso em: 20 de Maio 2021
LUPION, Bruno. Fome no Brasil cresce e supera taxa de quando Bolsa Família foi criado. DW Brasil, 2021 Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/fome-no-brasil-cresce-e-supera-taxa-de-quando-bolsa-fam%C3%ADlia-foi-criado/a-57187014. Acesso em: 9 de Maio 2021
MAIA, Flávia. Países em Desenvolvimento sofrerão mais com a crise gerada pela Covid-19, diz OCDE. Machado Meyer Advogados. 2020. Disponível em: https://www.machadomeyer.com.br/pt/imprensa-ij/paises-em-desenvolvimento-sofrerao-mais-com-a-crise-gerada-pela-covid-19-diz-ocde. Acesso em: 25 de Maio 2020
ODS 10: por uma vida com igualdade para todas as pessoas. Instituto Aurora.Disponível em:https://institutoaurora.org/ods-10-vida-com-igualdade/. Acesso em: 9 de Maio 2021
Plataforma Agenda 2030. Disponível em: http://www.agenda2030.com.br/os_ods/. Acesso em: 9 de Maio 2021
POR QUE RICOS FICARAM MAIS RICOS E POBREZA EXPLODIU NA PANDEMIA? UOL Economia, 2020. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/rfi/2020/09/30/por-que-ricos-ficaram-mais-ricos-e-pobreza-explodiu-na-pandemia.htm. Acesso em: 9 de Maio 2021
SILVEIRA, Daniel. Desemprego diante da pandemia bate recorde no Brasil em setembro, aponta IBGE. G1, 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/23/no-de-desempregados-diante-da-pandemia-aumentou-em-34-milhoes-em-cinco-meses-aponta-ibge.ghtml. Acesso em: 9 de Maio 2021
VITORIO, Tamires. Bilionários ficaram US$ 5 trilhões mais ricos em meio à pandemia de Covid-19. CNN Brasil,2021. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/04/06/mesmo-com-a-pandemia-da-covid-19-bilionarios-ficaram-us-5-trilhoes-mais-ricos. Acesso em: 9 de Maio 2021
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