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PREFEITURA DE SALVADOR: GREENWASHING NOS MERCADOS?


Welington Feitosa

CENINT


CONTEXTUALIZANDO


Greenwashing ou “lavagem verde” é o processo que tem como objetivo se tornar sustentável aos olhos da população. São práticas enganosas realizadas por empresas e instituições que se afirmam como ambientalmente sustentáveis, no entanto, não implementam ações significativas para isso. Dessa forma, o Greenwashing na grande maioria das vezes é realizado através de iniciativas de marketing, seja por organizações não-governamentais, empresas públicas ou privadas, e por instituições governamentais. Seguindo essa mesma premissa, a Câmara Municipal de Salvador aprovou a lei de nº 9699/2023 de autoria do vereador Carlos Muniz (PSDB) , a qual foi sancionada pelo atual Prefeito Bruno Reis (União Brasil) em maio de 2023. A lei em questão, diz respeito à proibição da oferta gratuita de sacolas plásticas em estabelecimentos da cidade, como por exemplo: mercados; mercadinhos; padarias e até mesmo lojas de outros segmentos estão proibidos de oferecer gratuitamente. Enquanto alternativa, há a possibilidade de pagar R$0,25 por cada sacola plástica ou adquirir a sacola reutilizável por R$4,50, o que acaba se tornando um problema levando em consideração a grande desigualdade socioeconômica de Salvador. 



ENTENDENDO O LADO POLÍTICO


Sem dúvida, essa política não nasce por meio de um anseio do povo, e sim por interesses políticos. Em vista disso, o objetivo de desestimular a população soteropolitana à utilização das sacolas plásticas, fomentando a iniciativa de cada família possuir sua própria sacola sustentável a fim de corroborar com a narrativa da Prefeitura de Salvador, passa por interesses políticos que visam tornar a capital baiana mais atrativa aos ‘olhos de fora’. Exemplificando, essa discussão não é novidade no país, cidades como Brasília e Belo-Horizonte já mantém essas medidas em seus estabelecimentos Assim, as mesmas, detém comum anseio de se beneficiar através de uma imagem ‘verde’ e sustentável, o que resultaria positivamente no aspecto da política externa de suas respectivas paradiplomacias, assim como, promoveria uma inserção maior de investimentos estrangeiros, seja por meio de empresas multinacionais, ou organizações internacionais.


QUAL A REAL EFETIVIDADE?


Especialistas apontam que para o processo de decomposição de uma sacola plástica ser completo, dura entre 200 a 400 anos, tornando a pauta da conscientização sobre o uso do plástico de suma importância para a sociedade. Outras linhas de pesquisa, já constataram a presença de microplástico em sangue humano, efetivando o debate de materiais não-recicláveis, uma pauta de saúde pública. Porém, enquanto contraponto, podemos utilizar uma breve análise do panorama de Salvador, pois entende-se que na cidade há alguns entraves maiores do que a sacola plástica para tornar a cidade verdadeiramente sustentável, como por exemplo: Mais de 80% dos rios da cidade estão poluídos, em virtude da má formação dos bairros; Salvador é detentora de ar de baixa qualidade, estando entre as capitais mais poluídas do país; Desmatamento desenfreado de sua Mata Atlântica; Dunas e manguezais prejudicados pela exploração imobiliária; entre outros impactos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Em desfecho, vale ressaltar que políticas públicas que visam iniciativas sustentáveis são de extrema importância em benefício da qualidade de vida da população local. No entanto, nesse caso das sacolas plásticas, podemos entender que apesar da ideia ser interessante e louvável, foi mal executada. Tendo em vista, os inúmeros problemas ambientais que Salvador enfrenta e a falta de um aviso prévio efetivo para a população, ocasionando em uma antipatia dos cidadãos  para a causa, o que poderia ser muito bem explorado por campanhas de publicidade e marketing, engajando a sociedade através de propagandas com personalidades locais, a fim de tornar a imagem da sacola plástica ‘obsoleta’ e ‘intragável’ nos tempos de hoje. 


Em consequência, o Ministério Público do Estado da Bahia já trouxe enquanto sugestão à Associação Baiana de Supermercados (Abase) a oferta gratuita de alternativas para substituir as sacolas plásticas, como por exemplo, as embalagens de papel e sacolas de material biodegradável. Assim como, a suspensão imediata da venda das sacolas biodegradáveis e ecológicas nos supermercados. Nessa mesma linha, a promotora de Justiça autora da recomendação, Drª Leila Adriana Vieira Seijo de Figueiredo, entende que é indispensável que haja alternativas “ao consumidor para o transporte e armazenamento das mercadorias adquiridas nos supermercados”.


Em suma, vale ressaltar a importância do fomento de uma real educação ambiental, promovido pela prefeitura desde as escolas e creches do município, visando estimular um comportamento mais harmônico dos  futuros adultos, com nosso ecossistema, visando assim, fortalecer a nossa belíssima Salvador contra os impactos ambientais. 



 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


MACEDO, Verônica. Supermercados de Salvador começam a cobrar pelas

sacolas plásticas neste domingo (12); veja valores. BNews. Disponível em: https://www.bnews.com.br/noticias/economia-e-

mercado/partir-de-hoje-12-supermercados-comecam-cobrar-pelas-sacolas-

plasticas-veja-valores.html. Acesso em: 26 maio 2024.


MARTIN, Vinícius. Greenwashing: o que é e por que essa palavra pode

impactar seus investimentos e suas compras. InfoMoney.. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/economia/greenwashing-o-que-

e-e-por-que-essa-palavra-pode-impactar-seus-investimentos-e-suas-compras/.

Acesso em: 26 maio 2024.


MIRANDA, Milena. MP recomenda à Associação Baiana de Supermercados suspensão de cobrança de sacolas biodegradáveis. Ministério Público do Estado da Bahia. Disponível em: https://www.mpba.mp.br/noticia/73035. Acesso em: 10 jun. 2024.



POLCRI, Maysa. Mercados e lojas estão proibidos de oferecer sacolas

plásticas em Salvador; entenda nova lei. Correio 24 Horas.. Disponível em: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/mercados-e-

lojas-estao-proibidos-de-oferecer-sacolas-plasticas-em-salvador-entenda-nova-lei-

0524. Acesso em: 26 maio 2024.


ROCHA, Julio Cesar de Sá da. Situação atual de Salvador do ponto de vista

ambiental e de uso do solo. Rede de Profissionais Solidários pela Cidadania.. Disponível em:


salvador-do-ponto-de-vista-ambiental-e-de-uso-do-solo. Acesso em: 26 maio 2024.


RODRIGUES, Marta. Salvador extingue cada vez mais sua Mata Atlântica com

o aval da prefeitura. Brasil de Fato.. Disponível em:

sua-mata-atlantica-com-o-aval-da-prefeitura. Acesso em: 26 maio 2024.


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