Camilla Cesconetto
Isabela Brito
A recente invasão da Rússia à Ucrânia colocou os dois países nos holofotes e deixou o mundo em alerta. Há diferentes explicações para a guerra que se alternam em origens históricas e geopolíticas, nas quais a Rússia tenta restabelecer a zona de controle e influência que a antiga União Soviética possuía, uma tentativa que no contexto do presente conflito, infringe a soberania ucraniana uma vez que o ponto inicial do atual confronto foi a investida da Ucrânia de integrar o bloco da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O que aos olhos da Rússia, seria como ter um aliado dos EUA como seu vizinho.
Em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, que antes pertencia à Ucrânia, e o motivo? Identificação cultural, tendo em vista que grande parte da população da península é de origem russa, bem como aqueles que habitam as cidades separatistas ucranianas de Donetsk e Luhansk, os dois primeiros alvos do atual conflito. E, desde a queda de Yanukovich —ex presidente ucraniano— que hoje vive no exílio na Rússia, a relação entre os dois países teve um visível grau de estremecimento. Com a tomada da Crimeia, essa relação foi ainda mais abalada.
A economia russa tem sofrido sanções dos países principalmente do ocidente, posteriormente ao 1º ataque do país à Ucrânia em fevereiro. Os Estados Unidos proibiu que norte-americanos façam negócios com o Banco Central da Rússia e também congelaram ativos de empresas, bancos e indústrias nos EUA. Outra sanção aos bancos russos realizada pelos Estados Unidos, União Europeia, Canadá e Reino Unido é que estes, serão removidos do sistema de pagamento internacional Swift, ocasionando na insuficiência de atuar globalmente. O país de Putin estaria impossibilitado de atuar de forma absoluta no mercado global em razão de que com seus ativos congelados e o impedimento de exportarem certos tipos de commodities para outros países faz com que seu poder econômico diminua, sem contar ainda com os atuais fechamentos da bolsa de valores russa nas alturas agravando ainda mais o quadro econômico. Além de Putin, políticos, funcionários e oligarcas russos também vêm tendo seus ativos congelados além de estarem proibidos de viajar para alguns países, como por exemplo para os EUA.
Entretanto, o governo de Putin não parece estar dando muita atenção às sanções impostas. Primeiramente, como explica o Dr. Rubens Duarte, o principal mercado consumidor da Rússia é a China, que até o momento não demonstrou nenhum interesse em direcionar sanções ao governo de Putin, além do fato de que somente a China configurou 13% da pauta de exportação russa nos últimos 5 anos. Alguns dos países que estão aplicando sanções à Rússia importam gás e hidrocarbonetos do país para o abastecimento de energia, portanto um período prolongado das sanções também afetariam internamente esses países.
Outrossim, os países do ocidente deixaram evidente a sua posição frente à invasão russa ao serem os principais aplicadores das sanções econômicas. Os Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, foram os dirigentes centrais das medidas, entretanto seus aliados como Japão, Coreia do Sul, Canadá e Austrália também adotaram posição semelhante aos países do centro.
O risco-país russo segundo o World Government Bonds, atingiu a marca histórica do país com 412,5 pontos devido às imposições econômicas do ocidente (Poder 360), afastando potenciais investidores e enfraquecendo a economia nacional. O Banco Central russo admitiu que as restrições impactaram o país, e que irão prestar apoio à população. Diante desse impacto na economia russa, segundo a CNN Brasil, Putin diz que a posição dos países ocidentais ao aplicarem restrições é como uma “declaração de guerra”, além de declarar que qualquer nação ao tentar impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia será considerado como parte do conflito.
Ademais, decorrente da alta globalização, as consequências econômicas transpassam o território de conflito e impactam as demais nações correlacionadas como o aumentando dos custos de transporte e frete internacional, decorrentes do preço do barril do petróleo que subiu 20% em apenas 14 dias de conflito. Além disso, numa entrevista à CNN, o economista e professor brasileiro de relações internacionais do IBMEC Márcio Fortes, destaca que a guerra irá aumentar o preço das commodities devido ao agravante do câmbio de importação, como por exemplo o trigo, um produto que pode gerar muito impacto para o mercado interno, por ser uma importante matéria prima para a alimentação básica de milhares de brasileiros.
Referências:
CNN BRASIL BUSINESS. Sanções econômicas colocam pesados custos para a Rússia, diz economista. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/sancoes-economicas-colocam-pesados-custos-para-a-russia-diz-economista/>. Acesso em: 09 mar. 2022.
DUARTE, Rubens. A guerra continua apesar das sanções. Até quando elas vão durar? Rio de Janeiro, 09 mar. 2022. Instagram: @dr.rubensduarte. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Ca5daBSDXRY/. Acesso em: 09 mar. 2022.
FOLHA DE S.PAULO. Ocidente corta bancos russos de sistema financeiro global, diz G7. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/02/alemanha-e-aliados-do-ocidente-concordam-em-cortar-russia-do-swift.shtml>. Acesso em: 09 mar. 2022.
FOLHA DE S.PAULO. Veja a lista de sanções à Rússia que o Ocidente impôs pela invasão da Ucrânia. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/02/veja-a-lista-de-sancoes-a-russia-que-o-ocidente-impos-pela-invasao-da-ucrania.shtml>. Acesso em: 09 mar. 2022.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – Ipeadata. EMBI+ Risco-Brasil. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?serid=40940&module=M>. Acesso em: 26 mar. 2022.
MOTTA, A. Petróleo já subiu 20% desde o início da guerra na Ucrânia, há 14 dias. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2022/03/09/preco-do-petroleo-guerra-na-ucrania.htm>. Acesso em: 09 mar. 2022.
PODER360. BC russo admite impacto de sanções e promete ajuda ao povo. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/bc-russo-admite-impacto-de-sancoes-e-promete-ajuda-a-populacao/>. Acesso em: 09 mar. 2022.
PODER360. Leia as sanções financeiras aplicadas à Rússia. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/leia-as-sancoes-financeiras-aplicadas-a-russia/>. Acesso em: 09 mar. 2022.
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