Tik Tok X Congresso americano: o embate que decidirá o destino do app.

— Isabela Camile Pitangueira

TikTok, Shein e CapCut. Esses são alguns aplicativos chineses que têm ganhado espaço entre o público norte americano. No entanto, por mais inofensivas que pareçam os apps são um dos vetores mais poderosos para expandir um comércio globalmente, e isso tem trazido uma enorme dor de cabeça para o governo da terra do tio Sam que quer banir a rede social mais querida do momento - TikTok- com o pretexto de que a ByteDance - controladora do app - esteja fornecendo dados de usuários estadunidenses para o governo chinês.

Desde 2020, o TikTok está na mira das autoridades americanas por ser uma suposta ameaça a segurança do Estados Unidos, tanto que durante o governo do ex-presidente Donald Trump, tentaram impedir que novos usuários baixassem o aplicativo.

Agora no governo de Joe Biden as coisas ficaram mais sérias, ao ponto que o país norte americano exigiu que os proprietários chineses vendessem as suas partes das ações, caso contrário, a rede social seria banida. Recentemente, uma nova medida de cautela foi tomada, proibindo o uso do TiKTok em dispositivos federais e metade dos governos estaduais, além de diversas universidades do país terem bloqueado a rede social em suas unidades.

Todavia, o que está causando um verdadeiro alvoroço é o projeto de lei que foi encaminhado para o Congresso americano que pode proibir, de fato, o aplicativo no país, tal ato gerou protestos entre os usuários do app que, além de amarem a experiência de uma rede com vídeos viciantes e satisfatórios sobre qualquer tipo de assunto, também dá a chance para os criadores de conteúdo ganharem dinheiro compartilhando os seus “tiktoks”

Em sua defesa, o governo chinês rejeita todas as acusações e diz que as preocupações em relação à segurança de dados da rede social são infundadas, que apesar do app ser da China, ela não é controlada por nenhuma entidade estatal. Ademais, para que tamanha insegurança da maior superpotência do mundo com o aplicativo mais amado entre os jovens?

A verdade é que, fora a preocupação que os dados dos americanos não estariam protegidos do Partido Comunita Chinês, também há a questão sobre o grande receio dos EUA em relação a influência que a rede social controlada pela ByteDance possui nos usuários estadunidenses, o famoso soft power, que é a capacidade de influenciar de forma indireta os interesses de indivíduos ou corpos políticos por meios culturais ou ideológicos. Consequentemente, acusando indiretamente o país de Xi Jinping de influenciar os cidadãos dos Estados Unidos com as suas ideologias comunistas.

O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, teve que passar por longas horas de uma audiência no Congresso dos EUA, tendo que explicar como o aplicativo lida com os dados dos usuários norte-americanos e afirmar diversas vezes que não trabalha em conjunto com o governo da China, muito menos compartilha dados com o país asiático. Questionado sobre a proteção de dados americanos, o diretor executivo respondeu que todos os novos dados de usuários estadunidenses já estão sendo armazenados em um servidor de uma empresa americana e os antigos serão transferidos o mais rápido possível.

Neste ínterim, durante a sua audiência, o CEO da rede social não deixou passar batido que não é apenas o TikTok que sofre com problemas semelhantes, que diversos apps americanos, dando de exemplo o Facebook, que não possui um histórico muito bom em relação a segurança de dados dos usuários. No fim de tudo, Shou Zi Chew disse que até o final deste ano todos os dados de americanos estarão sobre a lei dos Estados Unidos.

Com isso, parece dar um pouco de paz ao caos que estava se tornado a situação, no entanto todo o caso ainda está longe de acabar de fato. Tanto pelo dono da Meta/Facebook, Mark Zuckerberg, que quer reconquistar a posição de rede social mais favorita dos jovens, espalhando fake news e mobilizando campanhas anti-TikTok, tentativas falhas, já que segundo o jornal, The Washington Post, os adolescentes gastam cada vez mais tempo no aplicativo chinês, pelo menos 26 horas, enquanto no Instagram apenas 8 horas. Quanto ao governo dos Estados Unidos com suas contínuas queixas e inseguranças em relação ao seu maior adversário, a China.